Setembro amarelo: a literatura pode ajudar!


"Eu não me matei porque li o seu livro".
 Nunca vou esquecer dessa frase enquanto eu viver, e talvez até depois. Esse foi um dos feedbacks que recebi do meu primeiro livro publicado, Cartas para você, que fala sobre luto, a transformação de menina para mulher, ingressão no mercado de trabalho e depressão.

Foram mais de 1500 livros vendidos, mais de 1500 pessoas impactadas com a história da Georgia - que tem tanto de mim, pois meu pai faleceu há 6 anos e sinto falta dele todos os dias. Vamos lá, segue lendo!
No entanto, os números que mencionei acima, são só números, o que importa mesmo é o resultado. Se tivesse vendido apenas esse livro e recebido esse único comentário, já teria valido à pena. O motivo de eu estar falando sobre isso? Porque estamos no Setembro Amarelo, uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio que começou em 2015, em Brasília, como uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida, do Conselho Federal de Medicina e da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Por eu falar muito sobre condições mentais, como eu própria tenho TAG e já ter sofrido com depressão, muitas pessoas me procuram para conversar sobre isso. Não, não sou formada em Psicologia e nem sou terapeuta, todavia, converso sobre a minha experiência e sempre encorajo as pessoas a buscarem ajuda profissional, a fazerem terapia.

Você precisa falar. É importante! Suicídio não é mimimi, devemos estar atentos a qualquer sinal de tristeza. É normal ficarmos tristes? Sim. Temos motivo para estar tristes? Sim. Mas tudo o que é demais, está errado, meu pai já dizia isso.


Carlos Correia, voluntário e porta-voz do CVV, afirma que 32 suicídios ocorrem diariamente no Brasil, o que significa uma morte a cada 45 minutos, aproximadamente. Um absurdo, não acham? E o pior, esse número poderia ser reduzido!

Alguns dos sintomas do suicídio são a pressão social, a pressão interna que temos (sabe quando o copo estão quase transbordando?). E essa taxa de suicídio é alta porque as pessoas tem dificuldade em pedir e aceitar ajuda, em conversar com alguém, seja um conhecido, um desconhecido, um profissional ou um voluntário do CVV, é bastante eficiente para superar esses pensamentos suicidas que podem aparecer na mente de qualquer um. Se você conhece alguém que esteja passando por um momento difícil, seja acolhedor e não critique, a pessoa só precisa saber que você está ali, disposta a ouvi-la.

A pressão social é algo que está intrínseco em nossa sociedade, tão enraizada que às vezes é muito difícil de identificar. Ontem mesmo li parte do livro "O verão em que tudo mudou", em que um dos escritores é Vinícius Grossos, o título da parte dele é "Quando os infinitos se encontram" e achei bem propício para o momento.

Fonte: Seja cult

Frederico é um jovem adulto que não sabe o que quer fazer da vida., e sua história começa da seguinte maneira:
"Descobri que, quando nascemos, nossas vidas já vêm com uma prévia de roteiro estabelecida, saiba você disso ou não. Todo o mundo espera que a gente cresça, construa uma carreira, se case, tenha filhos, se aposente e morra. É um ciclo sem fim que enxergo tanto na minha família como nas famílias dos meus amigos. Mas, às vezes, algumas pessoas acabam escapando a essa regra. Mutantes? Talvez; gosto de pensar em mim mesmo como um mutante... Aprendi, com muito custo, a me tornar alguém à margem dos holofotes. Os outros sabem que eu existo, mas não me notam. É como se eu fosse uma simples presença no meio delas sem gerar curiosidade ou interesse. E gosto disso, porque, no fundo mesmo, não há nada de interessante ou atraente na minha vida. E não é glorioso apenas existir. Isso não chama muito atenção. E, bem, eu sou esse cara. Sou um mutante e meu poder é me camuflar e viver nas sombras."

Quantas pessoas não se identificam com essa passagem nesse exato momento? Quanta gente já não passou por isso?

Uma conhecida, de muito tempo atrás, veio falar comigo após meu último texto, dizendo que ela sonhava com uma determinada profissão, mas se frustou ao longo da faculdade quando viu que não era o que ela pensava, só que ela terminou a faculdade e hoje exerce essa mesma profissão e sofre todos os dias! Ela acredita que gosta mesmo de Marketing Digital, mas não tem certeza, está fazendo tratamento e se redescobrindo e me procurou para entender mais sobre Marketing Digital e como eu me redescobri, pediu para eu ser sua mentora.

Me senti honrada e muito feliz por meu texto a ter impactado dessa forma, estou admirada com a coragem que ela teve - e tem -, de procurar ajuda, de decidir se redescobrir, de fazer tratamento, muitas pessoas não conseguem.
Não é vergonha não saber qual o seu sonho.
Está tudo bem não saber o que você quer fazer da vida.
Está tudo bem em não estar bem.
É importante pedir ajuda.
É natural se sentir perdido e atolado de informações.

Você tem um sonho? Não tem um sonho ainda? Sabe chegar lá? Não sabe? Está tudo bem.

Frederico também não sabe qual o seu sonho, ele trabalha como vendedor de uma livraria porque ama livros e não sabe que faculdade cursar ainda, ou se quer fazer faculdade. Ele conhece Valentina, ela é tudo o que ele não é, tudo o que gostaria de ser. Mas, ela também tem seus problemas e mostra isso a ele.

Ninguém é perfeito.

Os dois se ajudam. Ele mostra como é poder contar com um amigo, e ela como é ir atrás dos seus sonhos, mesmo que você não saiba quais são. Toda pessoa carrega um infinito dentro de si e quando os infinitos se encontram, coisas maravilhosas podem acontecer.

Ele tem raízes, ela quer criar raízes. Ela tem espírito livre, ele quer ser um espírito livre. Nós podemos ter diversos sonhos ao mesmo tempo ou não ter nenhum, não importa. O motivo? Talvez você seja como uma planta especial que não nasce em qualquer solo e merece cuidados especiais.

O que acharam desse texto? Como prometido, dei uma dica de leitura: "O verão em que tudo mudou". E se você quer outros livros que tenham a temática do Setembro Amarelo, segue uma pequena listinha:

  • O demônio do meio-dia, de Andrew Solomon (para leigos e especialistas, esse livro aborda relatos pessoais e opinião de especialista sobre o assunto).
  • As vantagens de ser invisível, de Stephen Schbosky (livro ideal para adolescentes, para entender a pressão que eles enfrentam nessa época da vida e que fala sobre depressão).
  • A redoma de vidro, de Sylvia Plath (a autora se suicidou depois de publicar essa obra. Portanto, tem uma perspectiva de quem está sofrendo e pode ser um gatilho se você está passando por um momento difícil. É recomendável para quem quer entender quem está passando por essa situação).

Segundo a OMS, em relatório publicado em 2016, mais 800 mil pessoas morreram por suicídio no mundo desde 2012. E a principal causa da morte, entre jovens entre 15 e 29 anos, é a depressão. Ainda segundo a OMS, 9 em cada 10 suicídios podem ser prevenidos.

Em resumo, o que quero dizer é: Todos nós somos especiais. Todos merecemos cuidados. Por isso, não tenha vergonha de pedir ajuda, não tenha vergonha de estar sem rumo, porque na verdade, você não está. Entrar em contato consigo mesmo é difícil, e é preciso encarar diversos obstáculos até encontrar a parte que te falta. (Aliás, já leram esse livro? Falarei sobre ele semana que vem!).

Ps: Para ficar atento aos sinais do suicídio, aqui tem uma cartilha com informações para se prevenir. Leia, compartilhe e ajude a diminuir esse número assombroso de suicídios em nosso país!

Confira clicando aqui a resenha de "Eu estique aqui", de Gayle Forman, por Mayara Milesi. 

É isso. Vamos falar desses assuntos e vamos ajudar a quem precisa. Beijos!

10 comentários:

  1. Olá, fico feliz que tenha falado sobre o setembro amarelo, esse assunto precisa de mais espaço no meio literario, sao tantos livros sobre transtornos e suicidio, poxa vida! Ultimamente tenho lido muito sobre, por conta da faculdade e tudo mais, e percebi como um bom dia é capaz de salvar alguém, só precisamos estar mais atentos.

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  2. Olá, tudo bem?

    Esse assunto tem que ser abordado o ano inteiro, em todos os meios, redes sociais e livros e gibis. É um assunto que é importante, mas ainda tratam de forma errada. E acredito eu, que quanto mais falar melhor vai ser, mais pessoas serão ajudadas. Sermos mais gentis com o próximo, já é um passo. Parabéns pela postagem.

    Beijos

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  3. Oie!

    Ótimo post! Precisamos nos conscientizar sobre a saúde mental sempre e não só em setembro, mas é sempre bom quando tem uma campanha! Seu post abordando a literatura interligada com a saúde mental tanto abordando causa, consequências e etc está muito bom!

    Parabéns!

    Beijos

    www.thereviewbooks.com.br

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  4. Nossa, não tinha noção desse número de que 9 em cada 10 suicídios podem ser prevenidos... Ao mesmo tempo que dá esperança das coisas melhorarem, dá um certo medo de aumentar ainda mais a culpa de quem perde alguém e nunca para de se sentir mal por não ter feito nada - claro que tanto quem pensa em se matar quanto quem fica e precisa lidar com isso pode colher enormes benefícios se aceitar ajuda. Sei bem como você se sente por ter ouvido que uma pessoa não se matou por ler o seu livro... Uma vez ouvimos isso de uma senhora após apresentar uma peça de teatro, que ela pretendia se matar naquele mesmo dia, mas havia mudado de ideia. É algo que a gente realmente nunca esquece e mega gratificante.

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  5. Oi! Que post bacana! As pessoas precisam urgente deixar de pensar que depressão, outros problemas que envolvem a mente, a ansiedade e etc.. são frescura das pessoas. Há anos este estigma foi quebrado, são doenças, como diabetes, colesterol alto, problemas cardíacos. Os pacientes precisam de ajuda, de cuidado, de compreensão. Mesmo quando não entendemos o por que, nosso dever é ajudar. Lindo post!

    Bjoxx ~ www.stalker-literaria.com ♥

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  6. Olá.

    É muito importante abordar sobre assuntos como este no meio literário, mostrar para as pessoas que elas não estão sozinhas e que um simples ato pode ajudar alguém que precisa. Seu post está incrível! E sobre o livro apresentado não sabia que abordava essa temática. Já quero ler, pois gosto de conhecer essas histórias e que muitas vezes acontece com alguém perto de nós.

    Beijos,
    www.psamoleitura.com

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  7. Oiii, acho tão importante falarmos sobre o Setembro Amarelo... Enquanto estudante de Psicologia e ser humano... Fico muito feliz quando leio livros que nos trazem relatos que nos ajudam a entender um pouco mais a mudar a noção visão, tentando nos mostrar que não é frescura, nem mimimi!!

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  8. Preciso conhecer melhor sobre os "sinais" da pessoa prestes a cometer suicídio, pois aconteceu um caso recente com uma pessoa próxima, e não estávamos atentos a esses "sinais". A pessoa vivia alegre, fazia todo mundo rir, era carinhosa, dedicada, inteligente, interessada... Mas existia um conflito interno e ninguém desconfiou. Os números são gritantes, porém, se há uma chance de 9 em cada 10 casos, precisamos difundir ainda mais o assunto. Parabéns pela postagem e iniciativa! Concordo plenamente que a literatura ajuda muito, só não consegui pensar em nenhuma obra no momento rsrs Beijo!

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  9. Oi Duda,
    Acho muito bacana o fato da literatura lidar de forma espontânea sobre tantos assuntos pesados, e ajudar de forma disfarçada as pessoas a entenderem problemas e circunstâncias que muitas vezes passam batidas no cotidiano por falta de informação.
    Ótimo post.

    Beijokas

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