[Resenha] Amali – Jessica Macedo.

Título: Amali.
Uma versão de A Bela e a Fera.
Autora: Jéssica Macedo.
ISBN: B079MJNXDD.
Ano: 2018. Páginas: 192.
Idioma: Português.
Editora: Portal Editora.
Encontre no Skoob.
Compre: e-book – aqui.

Cortesia da autora.

Sinopse:  Brasil 1824.

Amali nunca aceitou os rumos de sua vida. Arrancada do seio de sua família, foi vendida como escrava em um país desconhecido.

Com um espírito livre e questionador, resiste às imposições e injustiças, sofrendo as amarguras de uma luta silenciada pela opressão e violência.

Colocando em cheque a vida de um recluso barão do interior de Minas Gerais, que havia perdido mais do que se julgava capaz de suportar, Amali mostra toda a sua força, conquistando a própria alforria e lutando pela liberdade dos demais.


Será que ainda vejo muita poeira a respeito desse livro por ai? Acho que não... Mas como o LT prometeu, li e aqui está minha opinião sobre o livro que causou um grande burburinho no meio literário entre o final de fevereiro e inicio de março.

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Muito foi falado sobre esse livro, a autora foi brutalmente massacrada nas redes sociais, por causa da capa, do título, de uma imagem, de uma sinopse e do que as pessoas entenderam dela, sendo que o livro sequer tinha sido lançado, na ocasião ele estava em pré-venda. 

O show de horrores que se formou foi tão grande, listas foram criadas, quem defendeu a autora dizendo que não deveríamos julgar o livro antes de ler foi listado de forma irracional. Boa parte da sujeira que envolve os bastidores da literatura foi jogado no ventilador que, hoje, considero a autora uma guerreira, por mesmo assim lançar o livro e encarar tudo o que se especulou dele.

Uma das nossas colaboradoras, Duda, por ser amiga da autora, solicitou o e-book para que pudéssemos ler, a própria autora disse que liberaria o e-book para qualquer que fosse o blogueiro que quisesse ler e resenhar, portanto, nós também tivemos acesso ao e-book.

Águas passadas, poeira assentada e diante de tudo o que vimos, ouvimos e soubemos, decidimos deixar a resenha “descansar” um pouco e só liberá-la em outro momento, e a hora chegou, vamos a ela!


O livro trás a história de Amali, uma mulher negra que veio para o Brasil a bordo de um navio negreiro e aqui foi comprada por um “senhor” e se tornou escrava. 

Na minha opinião, fizeram muito alarde pela história que, no fim, é um romance juvenil que se passa na época da escravidão e os conceitos empregados agridem tanto quanto você falar/escrever um romance sobre uma mulher que sofre de tráfico de mulheres... 

Ambos têm seus pesos, ambos tocam na ferida das mulheres e de algumas raças. Vai doer em cada um de um modo diferente. Acho sim, que PELOS TEMPOS DE MILITÂNCIAS, hoje em dia, as pessoas vão tachar como racista por falar de negros e usar termos pejorativos. Mas, ora, então os escritores só podem escrever o politicamente correto, certo? Não poderemos levantar bandeiras e nem contar, mesmo que em um ambiente fantasioso, coisas que aconteciam naquela época? E o pior, um branco não está qualificado para relatar a história de negro mesmo que busque estudar sobre ela e que queira relatar a época? 

O que é isso gente? Em que mundo vivemos?

Sobre romantização: é um romance, gente! Mas não romantiza nada em relação às questões que foram levantadas antes do lançamento do livro, em minha opinião, claro. Ele não a pega na senzala, não a castiga. Trata mal no início? Mas, putz, quantos livros a gente lê que começa assim e quando o sentimento se instala, o cara vira um bobão apaixonado que faz tudo pela mulher e os livros estouram em grande sucesso? Preciso citar esses livros? Acredito que não, heim...

O tempo todo Amali sabe que ele não é abolicionista, que a liberta por sentimentos, mas que considera precisar dos escravos, ele estava longe do burburinho sobre libertação.

Amali é sim uma mulher forte e a frente do seu tempo, mas infelizmente, é uma mulher negra que não tem voz e ninguém para lutar por ela. Vejam bem, estou falando de Amali, a protagonista do livro acima citado, mas podemos colocar isso para os dias atuais. Ainda restam muitas mulheres, homens, pessoas que não conseguem se expressar, que precisam de apoio, e a única diferença é que hoje em dia, existem pessoas capazes de ajudar e dar voz a eles. Na época em que o livro se passa, não tinha isso.

Particularmente, não acredito que a autora romantizou a escravidão, não creio que foi sua intenção ao retratar aquela época. Mas vão me dizer que ela criou algo quase impossível de acontecer: um senhor de escravos se apaixonar por sua escrava? Respondo dizendo que o livro é um romance! Uma história criada da cabeça do autor, e que é ficção. Atire a primeira pedra quem nunca teve uma ideia mirabolante...

Para finalizar minha opinião pessoal, achei que se trata de um livro muito raso, que a autora não expressou algum ideal para a protagonista, assim como não achei que ela romantizou a escravidão. É só mais uma história que, infelizmente, não passa o que a autora queria, mas também não vale essa crucificação toda. 

Acredito que faltou se aprofundar na história, desenvolver melhor o enredo, dar vida e propósito real para a protagonista, no fim das contas, foi só um romance vazio, mas que ao meu ver, não tem o tanto de pontos que foram apontados. A grande falha é enredar algo na história e não se aprofundar no assunto, não estudá-lo e não aproveitar a ideia proposta para que pudesse abordar o assunto escravidão para valer, para que as pessoas pudessem sentir um pouco da realidade, é apenas mais um entre tantos, quando se trabalhado adequadamente poderia vir a ter um destaque positivo, uma pena. 


No fim da contas, a autora mudou a capa, a sinopse e o título do livro, mas no geral continua com a mesma essência. A ilustração que causou comoção continua lá e o sentido do livro continua o mesmo, infelizmente falho, apenas mais um livro.

Os leitores agiram como se fosse um crime retratar o que ocorreu na época da escravidão, mas vale lembrar que a escravidão existiu e que muita coisa aconteceu, algumas informações que só conhece quem se aprofunda no assunto chocariam muitos daqueles que apontaram o dedo para essa obra sem lê-la, vale a pena pesquisar e refletir.

Não é um super livro, não tem um contexto histórico a ser explorado e que traga informações, é mais um romance, apenas... É mais um romance entre um homem e uma mulher, que começa de modo errado, mas que como muitos livros, é assim. No entanto, na minha opinião, não romantiza a escravidão, não mostra a escravidão como algo bom ou bonito, porque a gente sabe que não é. 

Até mais ver!

Classificação:

20 comentários:

  1. Acompanhei toda essa condenação desnecessária a autora pelos blogs onde passo. Confesso que não entendi direito os motivos de tudo isso, por se tratar de um livro, apenas um livro.
    Mas como não li a obra, só lia tudo que ia saindo e ficando calada, sentindo vontade ler e tirar minhas conclusões.
    Infelizmente, somos um povo hipócrita. Falar da Segunda Guerra e suas atrocidades? Imagina,não quero isso para minha vida!
    Falar de escravidão e ser taxados de racistas? Nunca!
    Ainda quero muito conhecer o livro.
    Beijo

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  2. Gostei muito da sua visão sobre esse livro, que causou tanto mimimi, particularmente não me senti tentada a ler justamente por ter achado apenas mais um romance e pelo visto bem água com açúcar. No mais, acho que toda balbúrdia só ajudou a promover um livro mais ou menos.

    Abraços.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/

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  3. Oi! Fiquei numa dúvida danada quando esse livro veio a conhecimento e deu aquele bafafá danado. Fomos bombardeados com críticas, muitas pessoas falaram muito mal, atacaram a autora e eu pensei sinceramente que leria algo escabroso, de outro mundo. Acho que mesmo sendo um livro raso e de todo modo, fraco, como você comentou, o erro da autora foi escolher esse tema num momento onde as pessoas estão sensíveis a preconceitos e racismos e violências, onde está tudo sendo observado e julgado. E ela fez uma escolha errada e pagou o preço. foi uma reação exagerada a meu ver, mesmo porque sou da paz demais, odeio confusão. Enfim, não é uma leitura que eu farei.
    http://www.stalker-literaria.com/

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  4. Oi!

    Eu não posso opinar sobre o livro, porque não o li e fiquei meio por fora da polêmica toda, fui saber depois. Mas se eu não me engana ela usava outro nome no livro não é? Bem, eu acho que é complicado falar sobre uma coisa no qual você não passou e que possui um peso social muito forte. A escravidão é uma das crueldades da humanidades que não podem ser perdoadas e esquecidas, por isso eu acho que o livro romantiza sim uma questão muito difícil. Como você disse, muitas pessoas vão se sentir incomodadas e com dor de diferentes formas e isso já não é o suficiente para repensar sobre? Eu como branca privilegiada, não posso dizer o que uma negra pode sentir em relação a esse livro. Então é bem complicado.

    Não é um livro que eu leria, até porque juvenil e romance não é mais tanto o meu foco e já acho a Bela e a Fera bem problemático kkk mas parabéns pela resenha! =)

    beijos!

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  5. Olá!
    Vi sobre essa polêmica envolvendo a história, mas acho que não leria, não por causa desse bafafá todo, mas porque não me senti animada com a premissa da trama. Ando um pouco cansada de leituras que tem um que de releitura e os autores meio que se perdem na hora de aprofundarem melhor a história dos personagens, mas em todo caso, gostei de conhecer mais das suas impressões sobre essa leitura um tanto polêmica.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  6. Eu achei um absurdo o que fizeram com a autora! Hoje em dia só se pode escrever ou ler o que os outros querem, a escrita é censurada, sobretudo se o escritor é nacional. Os seres humanos são muito hipócritas. A gente cansa de ler livros em que o protagonista trata a mocinha muito mal, uns agridem, estupram e muitos leitores suspiram e sonham com tais histórias. Autor que aborda a escravidão? Conheço uma autora que escreveu toda uma série sobre o assunto: Johanna Lindsey. A diferença é que as escravas desses livros não são negras, sendo assim, nenhum problema, certo? Absurdo, meu Deus do céu! Um escritor merece respeito e tem o direito de falar sobre a escravidão se quiser. Aconteceu. Esse período existiu! E livros podem retratar essa época bem como podem falar de 2ª Guerra Mundial, Revolução Francesa, Ditadura Militar, Guerra Civil, o que seja. É o direito do autor escrever. É nosso direito amar ou odiar a história e termos a liberdade de expressar nossa opinião também. O que não é aceitável é boicotar um livro apenas por ele se passar na época da escravidão e ser um romance.

    Não sei se lerei o livro. Estou pensando. Eu estava com muita vontade de conhecer a história, justamente por conta de toda a polêmica que provocou, mas depois da sua resenha já não sei se lerei.kkkkkkkkk... Achei que era uma história mais profunda. Estou um pouco decepcionada por ser um livro raso, segundo o que você disse. Penso que talvez eu leia para formar minha própria opinião.

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  7. Voltei aqui!rsrs Fui dar uma olhada nas resenhas do Skoob e agora estou bem confusa. Creio que preciso realmente ler o livro para formar minha própria opinião. Algumas coisas que outros leitores mencionaram... Acho que existe a possibilidade (grande) de eu odiar o livro. Não por se passar na época da escravidão, mas pela construção dos protagonistas. Li recentemente o livro A Promessa da Rosa, que nada tem a ver com escravidão, mas que me despertou ódio profundo justamente por culpa do mocinho, que era um desgraçado.

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  8. Olá! Fiquei sabendo da confusão que foi este livro antes mesmo de seu lançamento. Cogitei a possibilidade de ler e desisti, depois de algumas resenhas feitas por blogs que leram o e book disponibilizado pela autora, percebi que não só pela confusão mas que pela história em si não valeria meu tempo.
    Beijos

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  9. Eu fiquei um pouco por dentro dessa polêmica toda. Acho que as pessoas criaram um caso sem nem ter lido a obra ainda. Eu vi os dois pontos, e não consegui concluir nada. Não que eu não acredito no que você falou, mas quero eu mesma ler e tirar minhas conclusões, sabe?
    Uma pena a autora ter escrito em uma época que tudo é motivo de mimimi.
    beijos
    www.apenasumvicio.com

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  10. Eu acompanhei a polêmico no pré lançamento do livro e confesso que o titulo original, bem como a capa, eram ofensivos sim. Acho inclusive que se a autor mudou isso, e reformulou a sinopse, é porque entendeu que o teor do romance trazido poderia ser questionável em um primeiro momento, para quem não conhecesse a obra toda. Acho que esses três elementos, capa, título e sinopse são a chave para o leitor se interessa por um lançamento e se isso vai contra algum principio seu ou de toda uma esfera da sociedade, é inteligente rever.
    Pela sua resenha, achei o romance fraco. O fato dela se apaixonar por um não abolicionista, já o coloca como mal feitor e ainda que ele não tenha maltratado a personagem, era agente de maus tratos do povo dela. É um livro que não pretendo ler.
    Beijos

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  11. Oie!

    Eu não conhecia a obra, e nem sei o que causou tanto falatório sobre a obra, mas pelo o que li da sua resenha, não vi nada de mais na história para ter gerado tanta confusão, mas como você falou hoje em dia está bem complicado escrever, mas acredito que a história seja muito boa, já vi muitas obras onde o Senhor se apaixonou pela Escrava etc, e querendo ou não isso poderia ou pode ter acontecido sim na época, como também nas histórias!

    Bjss

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  12. Olá Ari!!!
    É complicado quando um livro trata de um assunto que acaba por levantar algo que sim pode vim a causar um murmúrio altíssimo.
    Eu vi inúmeras pessoas falando sobre o livro da autora e realmente nada positivo, porém sua opinião me fez tentar conhecer o livro e tirar minhas conclusões sobre o mesmo.
    Realmente, na época da escravidão era algo que voz não existia para as pessoas negras e normalmente a questão de se dar uma alforria vinha muito do Senhor e era algo que se foi construído com o tempo.
    De todo modo parabéns pela resenha e opinião sincera sobre o livro!!!

    lereliterario.blogspot.com

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  13. Não sabia de nada....
    mas acho que a gente vê cada coisa sendo vendida como literatura e não se ofende, porque se ofender por algo que não leu ainda?
    Essa geração mimimi é complicada....
    Mesmo assim, que pena que não gostou tanto....

    Beijinhos!

    #Ana Souza
    https://literakaos.wordpress.com

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  14. Oi, Aricia

    Eu acompanhei a baixaria que foi toda aquela confusão em torno desse livro. Vi a lista, vi os xingamentos, vi a falta de empatia, enfim... às vezes esse meio literário me decepciona muito.
    Sobre o enredo, pude dar uma olhada nele porque uma amiga minha leu e me mandou umas fotos... assim, achei a escrita bem aquém do que eu estava esperando e achei algumas passagens até bem bobas. Fora que eu vi que teve cópia direta do wikipedia (colocaram em um grupo o trecho copiado exatamente igual)... então creio que no final das contas o livro não conseguiu se salvar, mas eu mesmo sem ter lido não acho mesmo que haja essa tal romantização...

    Beijos

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  15. Oi Aricia! Tudo bem?
    Ouvi falar desse livro justamente por conta dessa polêmica e guria, me horrorizei com a situação e nem acreditei no tamanho da polêmica!
    Agora, lendo a tua resenha e parando para pensar, tu não deixas de ter razão nos teus argumentos. Mas eu acredito que devo ler e concluir por mim mesma.
    Abraços e beijos da Lady Trotsky...
    http://www.galaxiadeideias.com/
    http://osvampirosportenhos.blogspot.com

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  16. Olá! Tudo bom?

    Achei interessante a sinopse desse livro, e confesso que se fosse escolher apenas pela capa eu não optaria por este, o que é uma pena pois aparenta ser uma história boa. Não sei se eu leria por que eu gosto muito de histórias que se aprofundam, tanto que os meus livros favoritos são séries ou livros gigantes, não tenho muito o habito de ler livros de quase duzentas páginas. Mas enfim, adorei a sinceridade do seu texto ♥

    Um beijo

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  17. Acompanhei todo o alarde com esse livro. E lendo algumas opiniões ele indica claramente um romance sem tanta complexidade. Eu realmente pensei, até mesmo pela ambientação e enredo, algo mais forte e profundo, o que acho uma pena.
    Mas gostei de saber sua opinião sobre a obra.
    Bjim!
    Tammy

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  18. Oie, tudo bom?
    Não fiquei sabendo na época dessa polêmica toda! Achei bem desnecessária mesmo, até porque muitos livros hots tem muito mais violência e motivos para serem questionados do que esses citados acima. Queria muito ler e conferir o enredo!

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  19. Oi.

    Não conhecia esse livro, então não soube de nada sobre a polêmica que o envolveu. Eu, particularmente não me interessei muito pelo livro, acho que acabaria não gostando dele e dando a mesma nota que você. Vou passar a dica.

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  20. Oii

    Esse é o livro da polemica né. A autora fez certo em mudar o nome, e pelo modo como o descreveu achei que falaria mais sobra a luta da Amali, mas pela sua resenha dá pra concluir que é só mais um romance proibido que eles dão um jeitinho de fazer dar certo. De certo ponto fico até decepcionada pois acreditava que ele era bem mais do que toda a polemica mostrava =/

    Bjos
    http://www.galaxiadeideias.com/

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