Resenha: O Casamento – Victor Bonini.

Título: O casamento.

Todos esperavam por uma festa inesquecível...

Autor: Victor Bonini.

ISBN-13: 9788595810044.
ISBN-10: 8595810044.
Ano: 2017. Páginas: 368.

Idioma: Português.
Gênero: Ficção, literatura brasileira, suspense, mistério.

Editora: Faro Editorial.

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Cortesia / Editora parceira LT 2019.

Sinopse: Para os noivos é o dia mais importante de suas vidas. Meses atrás, os amigos diriam que o namoro de Plínio e Diana tinha prazo de validade. Eles se conheceram de um jeito bizarro, pensam completamente diferente e nenhuma das famílias aprova o relacionamento. Mas eles resistiram a tudo. E agora vão se casar.

Para o detetive é a melhor chance de pegar um criminoso. O mais íntegro dos convidados esconde um segredo devastador. Mas alguém sabe e está disposto a espremê-lo com chantagens. É então que o detetive Conrado Bardelli se hospeda no hotel-fazenda onde ocorrerá o casamento. Ele precisa descobrir o lobo entre as ovelhas. E rápido. Pois, a cada nova ameaça, o chantagista eleva o tom e falta pouco para a bomba explodir.

O casal está pronto para o sim. A noiva se prepara para caminhar pelo tapete vermelho. Até que alguém diz: não saia do carro! Enquanto a plateia espera ansiosa em frente ao altar, algo brutal acontece na antessala. Só quando veem as paredes lavadas com sangue é que os convidados se rendem ao desespero. Começa uma confusão para interromper a marcha nupcial e chamar a polícia. Ninguém sabe o que fazer.

E Bardelli, que lidava com um caso de extorsão, descobre que se meteu em algo muito pior. Agora, ele é o único capaz de encontrar respostas. O problema é que as mortes não param de acontecer...

Olá Livronautas!

Vem comigo quebrar a casa tentando desvendar esse mistério peculiar, conhecer um detetive com o melhor humor ácido de todos os tempo e fazer a melhor das comparações entre um autor nacional e a rainha dos romances policiais, Agata Christie.

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Conrado Bardeli, o detetive já conhecido dos leitores de Victor Bonini, é um dos convidados do casamento e está ali por dois motivos: é amigo do pai da noiva e investiga a denúncia de chantagem de um convidado. Com sua perspicácia, que lhe é peculiar, ele observa todos os convidados e nota que alguns são estranhos e até escondem seus obscuros segredos.

Como é o meu primeiro contato com os livros do Bonini, eu não conhecia o detetive. No entanto adorei conhecer, ele não é nada ético, é bom no que faz e muito intuitivo, ou seja: um detetive que não segue uma linha reta, que usa seus próprios métodos de investigação e nos prestigia com seu maravilhoso humor ácido que nos dá momentos de deleite enquanto lemos.

Temos um livro narrado em terceira pessoa, mas com vozes alternadas sempre que necessário e dividido em partes, tais quais: ‘A Solenidade’, ‘A Arrumação’, ‘Felizes para sempre’ e ‘Até que a morte nos separe’, aqui, é onde realmente a investigação acontece e onde suas suposições começam a pipocar!

A trama fala sobre o casamento de Plínio e Diana, dois opostos que apesar da torcida contrária, seguem até quase o altar. Bardeli sente um clima estranho no ar com relação ao ambiente naquele dia e isso já liga suas antenas. Enquanto o detetive não consegue nenhuma informação substancial sobre a extorsão e os convidados esperam a entrada da noiva, na antessala, Dona Hortência, juíza de paz e tia de Gurgel, que estava sendo chantageado, é assassinada.

[QUOTE] “Estavam no fim de um espetáculo. Só não era um casamento, e sim um homicídio. E aquela era a hora da arrumação. E em vez de tirarem as decorações da festa, tiravam sangue das paredes e um corpo do hotel.” [...]

Não vou me alongar muito na resenha, porque é importante que o leitor fique um pouco por fora, para que você possa sentir com emoção o que vem pela frente ao decorrer da leitura e eu estragaria tudo se contasse mais do que já contei até aqui. O que você precisa saber é que Conrado é um excelente detetive, como já falei, que erra e acerta e não tem medo de se mostrar como realmente é. Isso encanta, pois enxergamos verdade nele.

Como mencionei antes, é o meu primeiro contato com os livros do Bonini e não me arrependo de dar uma chance, pois ele escreve maravilhosamente bem! Sabe como colocar as informações sem deixar claro e quando se revela, nos deixa com cara de taxo por não termos associado a informação. Cada reviravolta é bem organizada e arquitetada e o final... ninguém poderia imaginar! Eu fiz alguns chutes e errei todos!

É impressionante como o autor consegue abrir vertentes distintas dentro da trama principal, ele conta sobre a vida pré-casamento dos noivos, os desdobramentos da investigação e ainda os arranjos na vida de Gurgel que sofre a tal chantagem.

Em seu plot principal, Bonini nos mostra de forma crua, como o ser humano pode ser cruel e ganancioso.

Minha única ressalva, é a respeito dos muitos nomes do detetive. Muitas vezes, no mesmo parágrafo ele é chamado por três nomes diferentes, um deles é Lyra. Confesso que da primeira vez que o li, tive que reler, pra ver se não era um novo personagem na trama. E, como eu não o conhecia do livro antigo, fiquei meio perdida, mas mesmo assim, Conrado Bardeli é um nome tão legal e singular como o detetive, que Lyra fica fora do tom.

Me deliciei com Bardeli e suas tiradas sarcásticas ao analisar o ambiente e sua surpresa/debilidade – e a nossa – ao constatar o culpado pelo assassinato.

[QUOTE] “— Os dois... Desculpa, talvez não seja nada... Mas é que tudo aconteceu de forma tão... tão lógica. Quase como se alguém tivesse pensado em tudo.” [...] 

[O Autor] Victor Bonini nasceu em São Paulo, morou em Vinhedo, interior do estado, e voltou à capital aos dezoito anos para cursar jornalismo. Sempre lhe perguntam se, ao longo da vida, havia indícios de que seria um autor de mistério. 

Aos sete anos, escolheu o filme Pânico como tema da festa de aniversário. Na adolescência, devorou todos os livros policiais e de terror que pôde encontrar. Na universidade, seu elogiado trabalho de conclusão de curso, em parceria com Mariana Janjácomo, foi um livro sobre o caso Pesseghini, apresentando vários aspectos do crime que chocou o país em 2013. O trabalho não foi publicado a pedido da família das vítimas. 

E aos vinte e dois anos, quando lançou seu primeiro livro, Colega de Quarto, pela Faro Editorial, ele finalmente entendeu que escrever é a forma de dar vazão a debates internos sobre a lógica de crimes e a mente dos psicopatas — pensamentos que o assombram como ideias para a ficção, querendo emergir. Victor passou pelas redações da GloboNews, TV Gazeta e Revista Veja. Atualmente é repórter da TV Globo, em São Paulo.

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