Resenha: Invisível - Tarryn Fisher.


Sinopse: Margô mora em uma casa caindo aos pedaços, num bairro abandonado, com sua mãe que a ignora há dois anos. Ela se sente invisível, até que a amizade com Judah, seu vizinho cadeirante, muda suas perspectivas e a desperta. Quando uma criança de sete anos desaparece em seu bairro, Margô resolve investigar o caso com a ajuda de Judah e o que ela descobre a transforma por completo. 

Agora, determinada a encontrar o mal, caçar todos os molestadores de crianças, torna-se a razão de sua vida. Com o risco de perder tudo, inclusive sua própria alma, Margô embarca num caminho sem volta... E o que isso diz a ela sobre si mesma? Por que decidiu fazer justiça? O que a tornou tão invisível? 



Oi, oi, gente! Como estão? 

Pois é, viram só? Acredito que voltei a ler, finalmente! Mas não vamos comemorar com antecedência a saída da ressaca literária, não é mesmo? 

Bom... hoje venho trazer para vocês a resenha de mais um livro da Tarryn. Preciso dizer algo mais sobre o que esperar dele? 

Vamos papear!

Enquanto lia, ao longo das páginas, confesso para vocês que me veio um pensamento vago sobre o motivo pelo qual ainda insisto em ler os livros da Tarryn! Nossa, vão pensar: Como ela pode começar uma resenha dizendo isso? 

Irei então me desculpar e dizer: Sim, é verdade o que disse e vou explicar os motivos desse pensamento. 

Acredito que até hoje, tenho quase trinta anos de idade, não consigo me lembrar de um escritor que me causou tanto sofrimento e revolta enquanto lia seu livro como a Tarryn. Ela é visceral, pega na ferida, nos machuca para nos mostrar a consequência de tudo e tudo isso de uma forma tão genial que ao mesmo tempo em que você precisa parar para pegar um ar antes de continuar a ler, você quer voltar a ler de forma alucinada porque o leitor precisa, de uma forma totalmente torturante, saber o que acontece depois. 

É... Talvez seja por isso que continuo lendo todos os livros da Tarryn, sou apaixonada por essa mulher e sim, talvez seja um pouco masoquista, mas quem não é? 

Invisível é um livro pesado, que mexe com assuntos polêmicos e que de uma forma inexplicável vai te causar uma confusão ao ponto de não conseguirmos saber o que é real ou ilusão. 

Margô é uma jovem que teve sua vida totalmente destruída logo na infância. Irei me posicionar dessa forma, pois acredito que hoje, nós, adultos, somos uma somatória de tudo o que passamos em nossas vidas, sendo assim, se você teve uma família relapsa desde cedo, isso lhe afetará. 

A mãe da nossa protagonista era uma prostituta que não se importava com a filha, por conta de uma depressão que ela carrega consigo desde a época de criança, também por consequência do tratamento que a mãe teve com ela. 

As pessoas, nossos pais, nossas mães, nossos amigos, estão tão arrasadas que nem sabem que a maior parte do que fazem reflete essa condição. Elas só machucam quem quer que esteja no caminho. Não se sentam para pensar sobre o que a dor delas faz com a gente. A dor torna os humanos egoístas. Bloqueados. Focados para dentro em vez de para fora. [...] 

Conseguem ver essa cadeia? 

Quando jovem, Margô ainda tentava a todo custo ser diferente da sua família, mesmo fazendo de tudo para parecer invisível. Porém, isso muda quando ela conhece Judah, seu vizinho cadeirante que apesar das dificuldades que a vida lhe impôs, possui um espírito alegre e otimista. 

Judah se torna a luz de Margô e a razão de uma melhora repentina em seu modo de ver o mundo. Bem, até que houve um desaparecimento na cidade, de uma criança que todos conheciam e gostavam. Esse desaparecimento abala nossa protagonista de todas as formas possíveis, ainda mais quando, meses depois, a criança é encontrada morta. 

Totalmente descrente do sistema, cansada da justiça falida e do descaso da população, ela decide agir por conta própria, desde então a vida de Margô nunca mais foi a mesma. 

Lidamos com nossos gostos e desgostos, com quem queremos agradar, que queremos vestir e dirigir. Nossos interesses, sejam eles desenhar pores do sol italianos, jogar videogames ou folhear romances eróticos, são todos entregues a nós por uma sociedade que os produz. Não importa quanto tentemos nos inventar, sempre houve drogados, tatuagens e homens ambiciosos que dominam o mundo. Sempre houve artistas, hippies e noias, e aquela bela e única Madre Teresa, que ilumina a escuridão. Sempre houve assassinos e mães e atletas. Somos todos impostores na vida, descobrindo um pedaço da humanidade com o qual nos relacionamos e que depois podemos abraçar. [...] 



Conseguiram perceber a complexidade e a intensidade da obra através desse breve explanação? 

Quando disse que Invisível era um livro pesado, não menti para vocês. Ele trata de uma realidade que muitas pessoas fazem questão de fingir que não existe em nossa sociedade hoje: maus tratos, abuso infantil e estupro. 

Eu disse que é um livro que dói, porque sim, ele realmente dói. É um tapa na nossa cara, uma vez que Tarryn literalmente esfrega no nosso nariz tudo aquilo que preferimos muitas vezes imaginar que não existe e, minha nossa... Perdi as contas de quantas vezes tive que parar de ler para respirar um pouco. 

Se o que ela está dizendo é verdade, então o resto do mundo está entorpecido, e nós, que sofremos as doenças da psique, somos os mais avançados por natureza. Vemos a decadência da sociedade, a negligência da moral e da docência humanas: os tiroteios nas escolas, os crimes que os humanos cometem uns contra os outros, os crimes que cometemos contra nós mesmos; e reagimos a isso tudo de uma maneira mais intensa do que todos os outros. Sim, penso. Sim esta é a verdade. [...] 

O livro inteiro é narrado pela perspectiva da Margô e isso é outro fator que causa impacto na gente, porque a evolução da personagem ao longo da trama é simplesmente absurda e inexplicável. Confesso que em determinados acontecimentos parava a leitura e tentava entender de onde tinha vindo aquilo, até que então conseguia entender. Um sistema judiciário falido e uma criança que cresceu em uma família extremamente desestruturada diante de uma situação limitante é capaz de perder a noção do que é certo e do que é errado e isso é explícito com uma veracidade latente nessa obra. 

Sendo assim, vocês podem ver que a crítica social é bem intensa ao longo dessas páginas e ao mesmo tempo, é evidente o alerta que a autora está tentando nos passar: não importa quem somos, o que fazemos ou o que queremos de nossas vidas. Quando colocamos uma criança no mundo, esse objetivo imediatamente tem que se voltar para ela, pois são as nossas atitudes na infância das nossas crianças que vão determinar quem elas serão lá na frente e consequentemente como serão com os filhos delas e assim sucessivamente. 

Nenhum de nós pediu esta vida, mas a vida, sendo como ela é, foi empurrada para nós por nossos pais, que não tinham a menor ideia de onde estavam se metendo. E , enquanto alguns pais prosperavam sob o fluxo de demandas provindas da paternidade, outros ficavam emocionalmente distantes, retraídos, culpando em silêncio os pequenos humanos por estarem arruinando a vida deles. [...] 

Se recomendo essa leitura? 

É óbvio que sim! Sabe por quê? Porque é importante ver que o mundo não é uma bolha cor de rosa de só "e viveram felizes para sempre". Ás vezes, é importante sim, para nós mesmos, nos depararmos com algo tão visceral, como essa obra, que é capaz de marcar a gente de um modo que ao concluirmos a leitura, é simplesmente impossível não pensarmos em nossas atitudes perante as nossas crianças. O leitor vai se deparar sim com cenas impactantes, com cenas que machucam, com cenas que vão colocar em cheque em sua cabeça o que é certo e o que é errado, mas como consequência disso tudo, você vai finalizar essa obra se tornando uma pessoa melhor. 

É... é por isso que eu leio Tarryn Fisher! 

Classificação:

Dados:

Título: Invisível.
Autora: Tarryn Fisher.
Editora: Faro Editorial.
Gênero: Suspense, mistério, literatura estrangeira, ficção.
Idioma: Português.
Ano: 2020. 
Páginas: 256.
ISBN-13: 9788595811003.
ISBN-10: 8595811008.
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5 comentários:

  1. Gostei bastante do artigo de hoje, sempre estou aqui acompanhando seu blog. Tenho aprendido muitas coisas legais aqui.

    Beijos 😘.

    Meu Blog: 20 Receitas de Bolo

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  2. Oi Mayara.

    Eu estou com muita vontade de ler esse livro por causa das opiniões que tenho lido e a sua resenha aumentou minha curiosa ainda mais pelas cenas impactantes. Vou tentar adquiri -lo o mais rápido possível. Obrigada pela dica.

    Bjos

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  3. Oi May
    Uau, que livro forte!
    Amei. Nunca li nada da Tarryn e me pergunto se posso começar por esse. Tão frenético, importanteeee, dolorido e critico. Como não se sentir tocado e angustiado com essas verdades invisíveis né.
    Amei a dica e a resenha.

    Bjos e Cheiros
    Blog Livreando

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  4. Já li tudo da autora lançado até agora, em parceria com a Faro. E posso dizer que também sinto esse mix de emoções quando leio os livros dela. É como se ela quisesse deixar claro que o fascinante do ser humano são essas imperfeições. Mas enfim foi interessante conferir suas impressões. Parabéns pela leitura, resenha e indicação.

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  5. Mayara, sou completamente apaixonada por esse livro! Acho que a Tarryn toca em algo que nem sempre queremos enxergar e falar. Adorei a sua resenha e perspectiva da história, mandou bem demais!!!

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