Filmes&tal: Setembro amarelo - filmes sobre a depressão

   Oi pessoal! Estamos na campanha do setembro amarelo que muitos sabem que é muito importante para a  prevenção do suicídio, e durante ela temos um pouco mais de liberdade para falar da depressão e demais transtornos emocionais. Não vou deixar dados científicos nem nada do tipo aqui, pois meu intuito é indicar filmes sobre esse tema para que vocês os assistam caso eles lhes despertem interesse, e assim talvez possam ajudar alguém que vocês conheçam que esteja com depressão, a fim de que ele receba ajuda psicológica e entenda que a vida só tem o ponto final quando mais nada há para ser escrito em nossa história, enquanto o fim não chega temos vírgulas, ponto e vírgulas, exclamações, interrogações e muitas surpresas nos aguardam,  ainda vale a pena viver!

  

   Filmes com a temática da depressão

1. The Babadook (2014) 

Dirigido pela australiana Jennifer Kent, o filme traz reflexões acerca da depressão de maneira criativa e obscura.  Amelia, uma mãe que perdeu seu marido em um acidente de carro,  agora precisa lidar com seus traumas e frustrações, ao mesmo tempo em que deve enfrentar os desafios da maternidade. Através das óticas de um filme de terror, nos deparamos com uma  atmosfera sufocante que simula sentimentos depressivos, a obra traz metáforas acerca da doença, assimilando-a com uma entidade demoníaca que perturba e isola a personagem e seu filho do mundo exterior. Este filme está disponível na Netflix.

2. Melancolia (2011)

 Do polêmico diretor dinamarquês Lars Von Trier, o filme  nos leva a uma jornada imersiva dentro da mente de uma pessoa depressiva. A obra conta a história de duas irmãs que têm um relacionamento conflituoso. A dinâmica entre elas é colocada à prova, quando um novo planeta chamado "Melancolia" se aproxima da Terra, ameaçando a existência de todos os seus habitantes. Uma das irmãs aceita o fato e o encara de maneira serena, enquanto a outra se desespera frente à catástrofe iminente. Com cenas em slow-motion, uma trilha sonora introspectiva e uma fotografia fantasiosa, o filme consegue distorcer a realidade da mesma forma em que a doença faz, e seu ritmo monótono simula a sensação que a depressão causa em suas vítimas. O que faz com que o telespectador consiga imaginar um pouco do que vivenciar tudo aquilo.

  3. As virgens suicidas (1999)

Dirigido pela ganhadora do Oscar Sofia Coppola, o filme conta a história de um grupo de amigos que se tornam obcecados por cinco meninas que vivem em sua vizinhança. Porém, essas garotas vivem com uma família extremamente controladora, com um viés comportamental conservador. O relacionamento com os pais é bastante distante,  por isso elas vivem afastadas da convivência com o mundo externo e são impedidas de expressar seus sentimentos mais primários, como a tristeza. Isto desencadeia um processo depressivo nas personagens. A obra mostra, de forma sombria, como as relações familiares, quando não administradas corretamente, podem potencializar um quadro clínico grave. 

4. As horas (2002) 

A obra traz um poderoso elenco feminino, que conta com três vencedoras do Oscar: Meryl Streep, Nicole Kidman (que conquistou a estatueta por este filme) e Julianne Moore. A história gira em torno de personagens de diferentes gerações que são influenciadas pelo romance "Mrs Dalloway", de Virginia Woolf. Todas elas têm relação com a depressão e o suicídio em suas vidas, e precisam superar estes obstáculos para alcançarem seus objetivos. Os roteiristas tomaram cautela para abordar o tema sem romantizá-lo, de modo que a obra mostra como a depressão é capaz de ceifar aos poucos virtudes daquele que sofre com esta doença.

5. Ela (2013)

Ela apresenta a história de Theodore, um escritor  muito solitário que acaba se apaixonando por  um sistema operacional, criado  no intuito de atender e preencher todos os seus vazios. O filme constrói uma  atmosfera angustiante e cinzenta, que representa a maneira negativa em que o personagem se sente.

Ele  apresenta uma visão distópica do futuro, na qual muitos de nós já vimos em outros filmes a relação entre humanos e máquinas, ao mesmo tempo levanta questionamentos, e promove reflexão acerca dos temas como a depressão, e como a nossa visão se torna cínica nas relações interpessoais, o que impossibilita que enxerguemos e possamos auxiliar quem sofre com a doença.

 6. As vantagens de ser invisível (2012)

   A adaptação cinematográfica da obra literária de 1999 escrita por Stephen Chbosky narra a história de Charlie, um adolescente introvertido que luta com sentimentos depressivos ao adentrar em um novo colégio, durante o ensino médio. Por mais que seu talento para a escrita seja reconhecido por sua professora de literatura, sua condição psicológica fragilizada não permite que ele reconheça o melhor de si. Ele sempre vê aspectos negativos em relação a si mesmo. Porém, quando conhece dois colegas, a sua  perspectiva sobre o mundo muda,  e reiteram a importância do acolhimento e do sentimento de pertencimento quando estamos enfrentando fases obscuras em nossas vidas. Através da amizade deles o garoto começa a se sentir parte de alguma coisa, de repente já não seria mais tão invisível assim, para seus amigos ele era único e especial da sua maneira.

7. A felicidade não se compra (1946)

Este é um dos filmes representante  dos clássicos, e foi dirigido por Frank Capra, além disso, é frequentemente citado pelos críticos como um dos melhores filmes de todos os tempos. A obra nos apresenta a história de George Bailey, um empresário que, ao falir financeiramente, considera o suicídio como uma alternativa.

A partir deste momento, uma entidade surge, e o faz enxergar como seria a vida das pessoas a sua volta caso ele nunca houvesse nascido. O longa é inspirador, e  nos traz a reflexão de que, por mais que percamos a consciência de nossa importância, jamais devemos esquecer que o simples fato de existirmos já causa impacto em quem amamos.

8. Beleza Americana (1999)

Beleza Americana venceu cinco Oscars, e nos conta a história de Lester Burnham, um homem que começa a refletir sobre a sua existência, e nota que não está satisfeito com suas realizações. Não se sente feliz em seu emprego, e não está motivado com seu casamento. Isto o faz entrar em uma crise de meia-idade que lhe acarreta uma condição depressiva.  Sem o suporte de sua família, Lester se vê em busca de um novo sentido em sua vida, e deseja aliviar as dores de uma vida frustrante, ao mesmo tempo em que se apaixona pela melhor amiga da sua filha e precisa lidar com esses sentimentos e o que fará com eles.

9. A liberdade é azul (1993)

O filme faz parte da famosa "Trilogia das Cores", do cineasta polonês Krzysztof Kieslowski. A cor azul representa a depressão, temática principal da obra. A narrativa gira em torno de Julie, uma mulher que perde o sentido de sua vida após a morte de seu marido e filha em um acidente. Ela desenvolve um quadro depressivo, e se isola do meio social, assumindo uma identidade distante do mundo. 

É neste momento em que a personagem precisa lutar para reatribuir significado a sua vida, antes que seja tarde demais.

10. As Faces de Helen (2009)

O filme conta a história de Helen Leonard, uma mulher que se vê cercada pelo sucesso em âmbito profissional e afetivo. Porém, a obra oferece um olhar diferenciado para a condição depressiva: Ela pode estar presente mesmo quando temos tudo o que desejamos. A vida da personagem assume um ritmo vagaroso, e ela já não encontra sentido para continuar vivendo. 

 As faces de Hellen é um dos filmes mais emocionantes que eu já assisti na vida, eu chorei muito ao vê-lo, pois entendia muito bem como a personagem se sentia. Por muitas vezes já estive como ela rindo na frente de algumas pessoas e me trancando no banheiro para poder chorar sem que ninguém visse. 

  Hellen acaba sendo internada em uma clínica psiquiátrica e é submetida ao tratamento de choque ali, seu casamento entra em crise, sua relação com a filha acaba ficando abalada e entra encontra suporte em uma amiga que conheceu na clínica, aos poucos ela vai superando seus traumas e após algum tempo a sua depressão  entra em um estágio menos perigoso, ou seja, ela já não pensa mais em se suicidar com uma faca na cozinha ou se jogar de algum prédio. Ela se esforça para recomeçar e reconquistar a vida que perdeu, era uma professora brilhante e uma exímia pianista nas festas que dava em sua casa.

  Com o tempo, paciência e perseverança Hellen dá a volta por cima e tudo volta ao eixo em sua vida. 

11. Garota, Interrompida (1999)

  Dirigido por James Mangold, Garota interrompida nos apresenta uma personagem irreverente, a Susanna Kaysen (interpretada por Winona Ryder) é uma jovem que acaba de sair da adolescência e entrar na vida adulta, com problemas de comportamento que a fazem tentar cometer suicídio com uma dose de aspirinas e uma garrafa de vodca. Após o episódio, ela passa por uma sessão de psicanálise e, induzida pelos pais, é internada em um hospital psiquiátrico. Diagnosticada com Transtorno de Personalidade Limítrofe (ou borderline), Susanna acaba passando dois anos internada e conhece outras garotas, todas com uma série de transtornos, que mudam a sua vida. 

Georgina Tuskin (Clea DuVall) é uma mentirosa patológica, Daisy Randone (Brittany Murphy) foi abusada sexualmente e é viciada em laxante e frangos, Janet Webber (Angela Bettis) é anoréxica e Polli “Torch” (Elisabeth Moss) é uma vítima de queimadura que tem um comportamento infantil. Não importa o que aflija estas garotas, na década de 60 todas eram consideradas loucas. Mas o destaque mesmo fica para Lisa Rowe (vivida por Angelina Jolie), uma sociopata capaz de manipular todos ao seu redor. A personalidade de Lisa intriga tanto Susanna que elas acabam criando um laço um tanto quanto complexo, onde uma tenta entender e ajudar a outra.

   Baseado no livro de autoria da própria Susanna Kaysen, que realmente passou por um hospital psiquiátrico, o longa aborda vários pontos importantes da psiquiatria. A começar pelo transtorno de Susanna, que se caracteriza pela instabilidade de humor, relacionamentos interpessoais, comportamento e da ideia que a pessoa tem de si mesma. A pessoa tem dificuldades para regular suas emoções, o que afeta a vida em todos os aspectos, familiar, amorosa e profissional. Os sintomas, na verdade, são ambíguos, encaixando-se em muitas garotas que estão simplesmente atravessando a fase da adolescência.

  Além do suicídio, o filme consegue mostrar também como problemas psicológicos eram tratados, e banalizados, na época. Quem era considerado louco? Praticamente todos que fugiam de um padrão e, por isso, deveriam ser internados em instituições psiquiátricas. As internas recebem medicação sem nem mesmo saber para que serve, o que acaba até mesmo levando à dependência.

   O filme é impactante por que nos faz ter empatia pelas meninas que eram rotuladas como mentalmente instáveis, e muitas vezes, eram institucionalizadas em hospícios por aflições comuns a qualquer adolescente. O abandono, o preconceito e os estereótipos misóginos da época, desempenham papel importante no surgimento e agravamento da depressão nas personagens, que são marginalizadas pela sociedade.  Vale a pena assistir esse filme!

                                         

  12. The Fundamentals of Caring" (2016)

 A produção original da Netflix, dirigida por Rob  Burnett, mostra como o exercício da empatia pode ser fundamental para ajudar a lidar com a depressão. 

O enredo gira em torno de Ben, ( Paul Rudd) que após sofrer uma perda trágica, também perdeu o rumo. 

Na tentativa de encontrar algum sentido, resolve tornar-se cuidador pessoal. Seu primeiro paciente é Trevor (Craig  Roberts), um adolescente de 18 anos com distrofia muscular e um senso de ironia afiadíssimo. Trevor nunca sai de casa, mas é convencido por Ben a partir para uma viagem e ver de perto um lugar curioso, o buraco mais profundo do mundo. A jornada não sai conforme o esperado, o que acaba sendo ótimo para ambos por que isso os aproxima ainda mais e muda um pouco a visão que cada um tinha acerca dos seus problemas.  Este filme está disponível na Netflix.

13. O Mínimo para Viver (2017)

O enredo fala da falta de esperança e de perspectivas de Ellen (Lily Collins), em depressão por conta de um distúrbio alimentar sério, a anorexia. Ao encontrar um médico pouco convencional, dr. William Beckham (Keanu Reeves) e outros jovens problemáticos, ela passa a encarar o futuro com mais otimismo. Sob a direção de Marti Noxon, o filme se destaca por mostrar como a depressão pode surgir associada à outras doenças - e como é essencial tratar o quadro de maneira abrangente

14. Not Alone (2017)

Trata-se de um documentário com roteiro e direção de Jacqueline Monetta e Kiki Goshay. O mote é a perda de Jacquline, 18 anos, cuja melhor amiga se suicidou aos 16. Para compreender melhor o que motivou a garota a tomar uma atitude tão radical, ela entrevistou vários jovens. Nas conversas intimistas que são mostradas para o público, foram abordados temas como depressão, ansiedade, automutilação, tentativas de suicídio etc. A produção tomou o cuidado de avisar, a cada história, que as doenças mentais podem e devem ser tratadas.

   Como vocês viram existem bastante filmes sobre esse tema além da série que já resenhei aqui a 13 Reasons  why. A depressão acomete qualquer um independente do status social ou credo religioso, principalmente se houver maior propensão a desenvolvê-la, ou se alguém da família também já teve. Pode acontecer por perder uma carreira promissora, desemprego, uma doença incurável, luto por um ente querido,  frustração por não ser aprovado no vestibular, divórcio, bullying, abuso sexual, assédio sexual, agressão física e psicológica, traumas de infância e adolescência, etc.

  Mas existe saída, é possível recuperar o leme do barco da vida de alguém perdido em uma tempestade assustadora como a depressão, algumas vezes tudo que ele precisa é de uma mão estendida, de braços abertos e de apoio para que encontre forças para sair da sua caverna de dor e lute pela sua vida, se você conhece alguém assim mostre que o ama e que está ao lado dele, e assim como os girassóis  abaixamos as cabeças nos dias nublados, mas sempre encontramos uma nova forma de encontrar a luz.

  Espero que tenham gostado. 

  Até a próxima!