Resenha: Proibido – Thabita Suzuma.
Sinopse: Ela é doce, sensível e extremamente sofrida: tem dezesseis anos, mas a maturidade de uma mulher marcada pelas provações e privações da pobreza, o pulso forte e a têmpera de quem cria os irmãos menores como filhos há anos, e só uma pessoa conhece a mágoa e a abnegação que se escondem por trás de seus tristes olhos azuis.
Ele é brilhante, generoso e altamente responsável: tem dezessete anos, mas a fibra e o senso de dever de um pai de família, lutando contra tudo e contra todos para mantê-la unida, e só uma pessoa conhece a grandeza e a força de caráter que se escondem por trás daqueles intensos olhos verdes.
Eles são irmão e irmã.
Com extrema sutileza psicológica e sensibilidade poética, cenas de inesquecível beleza visual e diálogos de porte dramatúrgico, Suzuma tece uma tapeçaria visceralmente humana, fazendo pouco a pouco aflorar dos fios simples do quotidiano um assombroso mito eterno em toda a sua riqueza, mistério e profundidade.
Lochan e Maya são os irmãos mais velhos dentre cinco irmãos, os quais foram abandonados pelo pai e sua mãe passa mais tempo fora e bêbada do que com eles, deixando bem claro que nunca os quis.
“Está tudo bem. As crianças estão bem e isso é tudo que importa. Não dê ouvidos a ela. nunca, jamais dê ouvidos a ela. Ela é só uma quarentona amargurada, que nunca amadureceu. Mas ela não se envergonha de você. Ninguém se envergonha de você, Lochie. Por Deus, como alguém poderia…! Todos nós sabemos que sem você essa família desmoronaria.” [...]
Passando tempo demais juntos, esses dois começaram com sentimentos fortes de proteção, como melhores amigos. Fazendo de tudo para que os outros três irmãos: Kit, Tiffin e Willa não se sintam sozinhos e deixando a casa em ordem. Lochan sempre foi o mais tímido da família, porém se tornou o homem da casa muito cedo, cuidando sempre de tudo, com Maya ao seu lado. E com esse tempo juntos eles acabaram se apaixonando.
Mas para ele tudo o que está sentindo é muito errado e não pode ser dito a ninguém, nem mesmo para Maya. Por sorte ou azar, ela também partilha do mesmo sentimento, mesmo os dois tentando de tudo para esconder, nada pode ser pior do que conviver com seu amor todos os dias e ele ser seu irmão.
“Nesse momento, a única coisa que eu sei é que te amo” – digo em meu desespero contido, as palavras se derramando por conta própria. – “Eu te amo muito mais do que como irmão. Eu te amo… de todas as formas possíveis e imagináveis.”[...] – “Eu também me sinto assim…” – Sua voz soa chocada e ferida. – “É … um sentimento tão imenso que às vezes acho que vai me engolir. É tão forte que sinto que poderia me matar. E não para de crescer, e eu não posso… não sei o que fazer para estancá-lo. Mas… nós não podemos fazer isso… nos amar assim!” – Sua voz falha. [...]
Convivemos em uma sociedade onde um assunto desse é tabu, esses dois vão ter que pensar muito antes de dar qualquer passo. Pensar em seus irmãos e em como farão esse amor seguir adiante e não acabarem todos separados, se é isso que querem, se estão certos ou errados, quais as consequências para tudo isso. É um livro que aborda uma temática bem polêmica, uma temática que nos embrulha o estômago e com a qual na maioria das vezes não queremos nos deparar nem mesmo em livros. Só que temos aqui, nesse enredo, duas crianças que tiveram que fazer a vida, sem orientações e cuidados adequados às coisas acabaram desse jeito, digamos assim.
Mas o que pode acontecer quando alguém ficar com raiva de um dos dois? Até onde eles conseguirão guardar segredo? E se esse segredo cair em mãos erradas?
A autora conseguiu de uma forma poética mostrar como o amor pode aparecer em qualquer lugar. Em “Proibido” ela fala sobre um tema que assusta tanto a sociedade em que vivemos, mas que precisa ser falado para que não acabe do jeito mais terrível possível, para que não aconteça e as coisas agravarem ainda mais. A gente precisa aprender que nem todos levam a vida que nós levamos, que nem todos têm a mesma visão. Não falo de certo e errado, falo de saber acolher e ajudar essas pessoas que acabam por caminhos assim, ao invés de julgar e piorar ainda mais a situação delas, fazendo com que coisas ruins aconteçam ainda mais. Que pode acabar não apenas com uma família, mas com a vida dessas duas pessoas de maneiras ainda piores.
Preciso dizer que eu terminei o livro em lágrimas, não sei qual é a minha opinião sobre esse assunto depois dessa leitura, não até passar por uma situação dessas, pois não me sinto apta a julgar, uma situação que não desejo para ninguém, verdade seja dita. Mas o amor deles era tão puro – ao menos o modo como foi apresentado – e foi tão repudiado, não só por quem tava por fora, mas até por eles mesmos, até entenderem o que realmente acontecia que faz a gente refletir sobre. Mais uma vez, não é sobre certo e errado, é sobre refletir e pensar em como ajudar essas pessoas. Jogar pedras nunca é uma solução, mas deixá-las sem qualquer ajuda também não.
Enfim, é uma leitura bem intensa e perturbadora, que tira o leitor da zona de conforto literária, que faz a gente ficar sem reação em alguns momentos, que mexe com algo que a gente não conhece e não sabe lidar. É uma leitura para te fazer refletir sobre o mundo;
Eu recomendo o livro para todos, mas que leiam com a mente aberta, pois realmente a leitura me tocou de um jeito que não sei descrever.
Quanto a edição, singela e delicada, ao estilo Valentina de ser. Contando com páginas amareladas, fonte confortável para leitura e uma boa brochura, com uma boa revisão que torna a leitura mais rápida. O livro é agraciado também com a escrita de um jeito simples da autora que lhe contagia a cada página.
Independente da temática, a forma como foi abordada foi bem pensada pela autora. É isso e até mais ver!
Classificação:
Dados:
Título: Proibido.
Autora: Thabita Suzuma.
Gênero: Romance, romance contemporâneo, ficção, literatura estrangeira.
Páginas: 304.
Olá, tudo bem? Eu lembro que quando realizei essa leitura, fiquei bem perturbada. Primeira pela temática abordada e segundo como a autora finalizou ela. Foi uma mistura de emoções, sentimentos que de alguma forma me marcaram. Concordo que apesar do tema principal ser tabu, a autora soube trabalhar nele, nos fazendo questionar sobre. Ótima resenha!
ResponderExcluirBeijos
Praticamente todas as resenhas que li sobre esse livro senti que os leitores forma impactados assim como você foi e o mais importante, essa dica que vc deu de ler com a mente aberta acima de qualquer coisa, tentar entender e refletir a mensagem que a autora quis passar com esse livro.
ResponderExcluirTentar ter empatia acima de qlq coisa, ainda não li mas pretendo assim que possível pq acredito na importância dessa abertura da mente, estamos em uma época de muitos juízes, principalmente virtuais e o qnt mais estivermos capacitados para argumentar em um momento de necessidade melhor. Essa é uma das funções da leitura, conhecimento, empatia etc. Eu amei suas impressões. Parabéns pela leitura e resenha maravilhosa.
Oiê,
ResponderExcluirLi esse livro esse ano e realmente é uma leitura intensa, de certa forma perturbadora e que faz a gente pensa em milhares de coisa né? O final partiu meu coração!
Livros assim se tornam inesquecíveis!