Séries & Tal: Areia Movediça – NetFlix.

Título: Areia Movediça.

Produção original: Netflix.

Roteiristas: Camila Ahlgren.

Diretores: Per-Olov Sorensen e Luisa Fazaneh.

Estreia: 05 de abril de 2019.

Temporadas: 01.  Gênero: Drama, criminal, thriller, suspense.

Elenco: Hanna Ardéhn, Felix Sandman, David Dencik, Reuber Sallmander, Anna Bjork, Maria Sundbom, e Helena af Sandberg.

Sinopse: Quando um tiroteio em massa acontece em uma escola preparatória do bairro mais rico de Estocolmo, a estudante Maja Norberg é acusada de participar do crime. Durante o julgamento, muitos detalhes sobre seu relacionamento com Sebastian Fagerman e sua família são revelados. Mas seria a adolescente realmente culpada ou mais uma vítima?

Oi, pessoal! Hoje trago a resenha de Areia movediça, uma série nova na Netflix que me prendeu bastante por que trabalha um dos temas que mais tem me interessado ultimamente: a realidade nas escolas e com os adolescentes.

Além disso, ela aborda de maneira bem realista o que pode motivar um massacre em uma escola. A seguir, confiram as minhas impressões sobre a série!

Areia movediça foi inspirada em um best-seller com o mesmo nome, que foi escrito por Malin Persson Giolito, que possuí indicação apenas para maiores de dezoito anos em razão dos temas que são abordados e que podem chocar muitas pessoas. Aqueles que se interessarem em ler o livro podem encontrá-lo na amazon, livraria cultura e em outros sites, ele foi traduzido pela editora intrínseca. 

A série tem chamado muito a atenção daqueles que assistiram aos seus episódios não apenas pela qualidade técnica da série, mas também pelo fato de que o roteiro é surpreendente e de que possui personagens complexos que nunca estão totalmente isentos de culpa, ou inocência em meio às circunstâncias. Ela possui um suspense envolvente que nos prende do início ao fim.

Maja ficou com sequelas pelo que viu acontecer diante de seus olhos, parece-me que ela adquiriu síndrome do pânico, pois sempre que as memórias do que aconteceu ameaçavam voltar quando estava presa, ela entrava desespero e sentia falta de ar, como se fosse um tipo de claustrofobia, já que ficou em uma espécie de cela isolada das demais prisioneiras e não podia receber visitas.

A mídia sueca a condena sem hesitar, a promotoria se esforça o máximo que pode para comprovar a culpabilidade da ré, enquanto isso seu advogado de defesa se empenha para mostrar outras evidências que inocentem a sua cliente, para que a culpa maior recaia sobre Sebastian, o  namorado de Maja. Sebastian é um jovem revoltado, rico, carente de atenção de seu pai que não se importava com ele, o que o levou a usar drogas e a ser violento. Encontraram alguma semelhança com o  atirador responsável pelo massacre em Suzano? Pois é, eu tinha lido uma pequena crítica sobre a série feita por uma autora que conheço e fiquei curiosa para saber mais sobre a história. É fascinante e emocionante, posso afirmar que é um dos melhores suspenses que já assisti. 

         

Maja algumas vezes me pareceu uma personagem confusa por que se meteu em um relacionamento abusivo, pois Sebastian sempre era grosso com ela, e em duas vezes notei que ele abusou e a estuprou, mas ela não fez nada para denunciar, era quase como se também tivesse um pouco de síndrome de estolcomo, aquela em que a vítima se apaixona pelo agressor. Eu não via nada de bom naquele garoto para atrai-la tanto, pois ela também tinha uma vida confortável, já que estudava em uma escola de ricos. Sebastian foi levando Maja para um abismo pelo qual ele mesmo já havia sido engolido. Os vícios em cigarro, álcool e drogas foram influenciando Maja até que ela mesma aderiu a esse tipo de coisa como se fosse a coisa mais normal do mundo.

A série foi muito eficiente em mostrar a eficácia das investigações forenses, e como se dá um julgamento mostrando todos os lados da verdade. Os episódios se passam no presente com o andamento da investigação e os interrogatórios feitos com a ré e ao mesmo tempo mergulhamos em flashbacks com Maja e conseguimos entender as coisas pela perspectiva dela sobre como tudo aconteceu. 

Areia movediça é uma série que retratou muito bem o desamparo e as consequências que ele pode causar nos jovens hoje em dia. Ao mesmo tempo que a gente vê Sebastian caindo em um poço cada vez mais fundo, a gente sofre com ele por que suas atitudes rebeldes e inconsequentes, no fundo, são apenas gritos por socorro e atenção. Ele se sentia só e por isso uma crise existencial tornou-se um gatilho que o transformou em um garoto superficial. Maja faz de tudo para tentar ajudá-lo, mas ela acaba sendo arrastada com ele para a sua escuridão.

Ela sente pena e culpa por deixá-lo sozinho, já que não possui mais ninguém que se importe com ele no mundo, pois Sebastian e seu pai não se dão bem. Claes Fargman detesta o garoto, para ele seu único filho é o que lhe dá orgulho em Harvard. Ele se sente ressentido pelo que houve entre ele e a mãe de Sebastian que foi embora e despeja esse ódio no garoto.

Maja então se vê obrigada a cuidar dele e do seu bem-estar, mesmo que isso a machuque no processo. A relação deles é destrutiva, todavia, mesmo assim ela não o abandona, talvez por medo de que ele fizesse alguma besteira.

  

O roteiro foi muito bem elaborado de modo que é impossível ficarmos entediados com algum dos episódios, pois ficamos cada vez mais ansiosos para saber qual a sentença dada para a acusada.

Areia Movediça questiona o sofrimento dos imigrantes na Europa, o preconceito vivido por eles, que foi retratado por meio de Samir Said, um amigo de Maja, que era de origem árabe. Além disso, nos mostra a frieza que existe no ser humano, nos faz questionar a nós mesmos sobre até que ponto somos capazes de ajudar o próximo sem antes empurrá-lo para um abismo maior do que já está. 

Eu terminei o último episódio surpresa com a reviravolta que teve no final, fiquei com um gostinho de quero mais e foi inevitável não me lembrar do documentário que assisti com depoimentos dos sobreviventes do massacre na escola de Columbine em 1999, pois  a série fez um excelente trabalho tanto quanto os do roteiristas do documentário que fizeram a simulação de como aconteceu o ataque com detalhes.

  

Essa série deveria ser levada para debates em salas de aulas sobre essas questões, porque a temática tem tudo a ver com os acontecimentos recentes tanto em Realengo quanto em Suzano neste ano. É um alerta para os pais e amigos por que muitos "Sebastians" devem existir por aí, cabe a cada um de nós a decisão de estender a mão para ajudar ou empurrá-los para um abismo maior. 

Assisti a série em dois dias e gostei muito. Vale a pena conferir! Eu amei e indico!

Beijos!