Resenha: A Garota que Pertencia ao Mar - The Azantian Livro 1 - Katherine Quinn
Margrete Wood não é apenas uma jovem à beira de um casamento arranjado. Ela é alguém que carrega no corpo e na alma as marcas de anos de abuso, controle e silêncio. Sua vida foi construída com base nas vontades do pai, o temido Capitão Wood, um homem disposto a sacrificar até mesmo a liberdade da própria filha para manter o poder.
“— Você é minha filha, Margrete. Não se esqueça do seu lugar.
— Eu sei qual é o meu lugar. E não é ao seu lado.”
Tudo muda quando ela é sequestrada por Bash, o rei da ilha mágica de Azantian. A princípio, ele a vê como uma peça de barganha – um modo de recuperar um artefato sagrado roubado por seu pai. Mas o que começa como um sequestro se transforma em algo muito maior, muito mais profundo. Margrete descobre que sua ligação com o mar é mais do que uma metáfora – ela sente as ondas chamando por ela, sente a água como parte de si.
“Ela ouve o sussurro da maré. Não de forma poética. Literalmente.
A água fala. E, estranhamente, ela entende.”
Em Azantian, um lugar onde as construções brilham com vidro do mar e criaturas mágicas rondam as margens, Margrete encontra algo que nunca conheceu: escolha. Não é apenas o romance com Bash que a transforma – embora ele seja intenso, cheio de tensão e descobertas. É a possibilidade de finalmente ser quem ela é, sem rótulos ou ordens.
Margrete não é a típica heroína corajosa desde o início. Ela é quebrada, desconfiada, moldada por traumas. Mas é justamente isso que faz sua jornada tão poderosa. Sua evolução não vem do nada – é conquistada com dor, com esforço e com muito enfrentamento interno.
Bash também não é um príncipe encantado. Ele é sombrio, misterioso, carrega fardos que não compartilha facilmente. Mas ao lado de Margrete, ele começa a baixar suas defesas, e juntos, eles criam um espaço onde podem ser vulneráveis.
“Você me sequestrou”, ela diz.
“E você sequestrou meu coração”, ele responde.
Ela sorri, mas seus olhos estão cheios de dúvida.
“Promete que não vai me devolver?”
O livro é uma fantasia romântica, mas também uma história sobre poder pessoal, sobre libertar-se de amarras impostas pelos outros – e, principalmente, por si mesma. A narrativa de Katherine Quinn é sensorial, mágica e carregada de emoção. Cada cena parece mergulhar o leitor nas profundezas do oceano – ora calmo, ora revolto, mas sempre com algo escondido à espreita.
“Ela chamou o próprio mar, as muitas partes que o compunham. Ela falou com ele. Comandou-o.
O mar ouviu.”
Margrete descobre muito mais que ter escolhas, descobre sobre seu passado, algo que ela nunca sonhou em contestar, mas será que aquilo que ela sabia era verdade? O que o futuro reserva para ela?
O romance entre os protagonistas é cheio de química, mas não se resume a isso. Existe respeito, cuidado, crescimento mútuo. Margrete aprende a confiar. Bash aprende a ceder. E juntos, eles constroem uma nova narrativa – longe das expectativas dos outros, guiados apenas pela maré de seus próprios sentimentos.
A Garota que Pertencia ao Mar é uma história sobre cura. Sobre aceitar que algumas cicatrizes podem coexistir com a força. E que até mesmo quem foi ensinada a ser fraca pode aprender a comandar as ondas.
Se você procura um romance envolvente, com toques de fantasia e personagens imperfeitos que lutam por liberdade, esse livro vai te conquistar. Mas se prepare: ele não vai apenas te encantar, vai te afogar em sentimentos. E talvez, como Margrete, você descubra que também pertence um pouco ao mar.
Classificação:
Subitítulo: The Azantian Livro 1
Post a Comment