Resenha: Em Praias Perversas - The Azantian Livro 2 - Katherine Quinn

 


Sinopse: Um rei perseguido por demônios do passado. Um deus impiedoso buscando redenção através do derramamento de sangue. E a mulher cuja existência desafia qualquer probabilidade.

Já se passaram três meses desde que Margrete Wood derrotou seu pai perverso e salvou a mística ilha de Azantian. Mas as monstruosas criaturas libertadas naquela noite se esconderam no reino humano, e Margrete e seu rei partem para caçá-las.

Quando ocorre um desastre em alto-mar, Margrete e a tripulação ficam presos nas praias de uma nova e perversa ilha. É lá que encontram uma moeda antiga, que a lenda afirma ter pertencido a uma deusa poderosa. Ela dá início ao primeiro dos três testes mortais que devem ser concluídos naquele ambiente estranho. Se falharem, perderão suas vidas no lugar que os prende.

Enquanto Margrete e Bash lutam para sobreviver aos terríveis horrores que espreitam a cada curva, um poderoso deus observa. Ele esperou séculos por aquele momento e, em Margrete, vê a rainha que está procurando.

Assim que a terceira e última moeda é encontrada, Margrete e Bash descobrirão se seu amor pode vencer tudo… até a morte.


Margrete Wood já encarou a tirania de seu pai, as profundezas do mar e o fardo de ser marcada por um deus morto. Mas Em Praias Perversas, segundo volume da trilogia The Azantian, nos mostra que os fantasmas que realmente destroem não são os do passado – são os que nos olham de volta no espelho.

Depois de libertar Azantian e conquistar uma aparente liberdade ao lado de Bash, Margrete parte em uma missão urgente: capturar as criaturas monstruosas que escaparam da ilha e agora ameaçam o equilíbrio do mundo.

Além disso Bash, luta contra seus próprios demônios, as vozes em sua cabeça estão cada vez mais exigentes. Elas querem ele.

“-- A voz– rangeu, atormentado por ter que admitir. – Está ficando mais alta, mais perto, e não consigo fazê-la parar!
– Está tudo bem. Apenas segure-se em mim. Estou bem aqui. – E ela não iria embora.
Não se pode escolher momentos para amar alguém. O amor envolve tanto os dias ensolarados como as noites frias e difíceis.”

Mas o plano naufraga — literalmente — quando o navio onde estão é destruído, e os dois acabam isolados em uma ilha amaldiçoada, com leis próprias e um poder antigo que exige sacrifícios.

Logo ao chegar, Margrete percebe que a ilha não é apenas hostil — ela é consciente. Cada moeda encontrada ativa um novo desafio, imposto por uma deusa antiga que se alimenta da dor, do medo e das escolhas impossíveis. Não há descanso. Cada etapa cobra algo: sangue, lembranças, amor. A ilha quer mais do que sobrevivência — ela quer submissão.

É nesse cenário que vemos Margrete em seu estado mais vulnerável e brutalmente humano. Ferida física e emocionalmente, ela tenta resistir ao domínio da ilha enquanto luta para não ceder ao chamado sombrio de Darius — o deus do mar que a marcou e agora invade seus sonhos e pensamentos.

Os capítulos mais intensos são justamente os que mostram essa ligação sombria entre Margrete e Darius. Não é apenas possessão divina — é uma tentativa cruel de moldar, seduzir, manipular. Ele a provoca, sussurra, arrasta seus piores impulsos para a superfície. E o mais perturbador é que há momentos em que ela escuta.

Bash, por sua vez, vive um colapso emocional silencioso. Ele é um rei sem reino, um homem tentando proteger a mulher que ama enquanto afunda nos próprios pesadelos. Assombrado por visões da mãe, pela culpa de não poder salvá-la, e pela presença constante de Darius em sua vida e no coração de Margrete, Bash começa a perder as forças — e talvez até a fé no que os unia.

A relação entre os dois, tão intensa no primeiro livro, é testada de formas inimagináveis. Não faltam cenas em que o amor parece ruir, e o que resta é apenas sobrevivência. E mesmo nesses momentos, Katherine Quinn nos mostra como o amor pode ser feio, desesperado e ainda assim real.

“Não sabia o que estava reservado para eles em seguida, mas uma coisa era certa: ela destruiria o mundo antes de permitir que alguém levasse Bash para longe dela novamente.”

A força de Em Praias Perversas está no modo como Quinn transforma mitologia em dor palpável. A ilha é um reflexo dos próprios personagens — marcada, ferida, corrompida por poderes que já deveriam estar extintos. Cada criatura enfrentada, cada enigma resolvido, representa uma parte da alma que Margrete ou Bash precisa confrontar.

Os desafios não são apenas físicos. São morais. São decisões entre quem deve viver e quem deve morrer, entre proteger ou ceder, entre se sacrificar ou seguir em frente. E quando cada escolha tem um preço emocional alto, é impossível sair ileso. Ninguém sai.

Darius é o tipo de vilão que torna cada página perigosa. Ele não precisa gritar ou ameaçar com espadas — ele manipula, provoca, toca onde dói. Mas assim, ele é muito chato, já é previsível o porquê da obsessão dele por Margrete no livro um, mas nesse fica ainda pior, e ele achando que quando ela descobrir o porquê vai correndo para ele. PQP

O jogo psicológico que ele impõe a Margrete faz com que o leitor se questione o tempo todo: até onde ela pode resistir? Até onde ela quer resistir?

Quinn não poupa o leitor. A tensão é constante. A narrativa alterna entre cenas de ação que fazem o coração acelerar e momentos de introspecção que machucam. Quando Margrete se olha no espelho, o leitor também se vê refletido — com raiva, medo e dúvida.

Se o primeiro livro foi sobre quebrar correntes, este é sobre aguentar as cicatrizes. Em Praias Perversas é mais do que fantasia. É uma exploração profunda da culpa, do amor tóxico, da força que é necessária para dizer não — até mesmo a quem você já amou ou idolatra.

Margrete não quer mais ser uma peça no tabuleiro dos deuses. Ela quer ser dona da própria história. Mas será que isso é possível quando seu corpo e alma já foram marcados por forças tão antigas e impiedosas?  Bash prometeu seguir Margrete até o submundo e ela por seguiria ela, mas será que o amor dos dois vai realmente sobreviver à essas provações?

Se você procura um romance leve, fuja deste livro. Em Praias Perversas não é reconfortante — é real, cru, doloroso. Mas também é necessário. Porque, no fim, fala sobre sobrevivência emocional num mundo que insiste em nos moldar. E sobre como a liberdade, muitas vezes, começa com um grito silencioso: “eu não sou sua”.

Classificação:



Título: Em Praias Perversas.
Subitítulo: 
The Azantian Livro 2
Autora: Katherine Quinn.
Editora:  Editora Charme
Gênero: Romance Fantasia, Ação e Aventura em Romance.
Idioma: Português.
Páginas: 408.
Ano: 2023.
ISBN 13: 

ISBN 10: 


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