Resenha: A Inquilina de Wildfell Hall – Anne Brontê




Sinopse: Um dos grandes romances da literatura inglesa chega à Penguin-Companhia com nova tradução e textos de apoio. A inquilina de Wildfell Hall mostra, com clareza ímpar, as lutas de uma mulher por sua independência.

Gilbert Markham está intrigado com Helen Graham, a bela e misteriosa mulher que acabou de se mudar para Wildfell Hall com o filho e sem o marido. Gilbert é rápido em oferecer amizade, mas, quando o comportamento recluso da inquilina começa a ser motivo de fofoca na cidade, ele se pergunta o que mais pode haver na história daquela família.

Quando Helen permite que Gilbert leia seu diário, ele começa a entender os detalhes obscuros de sua vida, seu casamento desastroso e a situação em que a vizinha se encontra.
Narrado com precisão e carisma, A inquilina de Wildfell Hall é uma descrição poderosa da luta de uma mulher por independência na Inglaterra vitoriana.


Quando Helen Graham se muda com seu filho para Wildfell Hall, chama a atenção de todos, principalmente de Gilbert Markham. 

Helen é reservada e o jeito que educa Arthur, seu filho, deixa muitos pasmos. Sem chamar muito a atenção de como chegou ali e tentando ao máximo não receber seus vizinhos, que já estão curiosos para saber mais sobre ela, Helen tenta seguir a vida.


[Quote] “Mas pode acreditar, pois Jane Wilson a viu. Ela foi com a mãe, que, é claro, quando soube de uma estranha morando na nossa vizinhança, ficou apreensiva até conseguir vê-la e arrancar dela todas as informações que pudesse. A moça se chama Sra. Graham, e está enlutada - não de trajes de luto, mas ligeiramente enlutada – e é muito jovem, segundo dizem – não passa dos vinte e cinco ou vinte e seis – mas muito reservada! Todos tentaram descobrir quem era, de onde veio e tudo sobre ela, mas nem a sra. Wilson, com sua manipulação habilidosa, conseguiram tirar uma única resposta satisfatória (...)” [...]


Porém, isso só atiçou mais ainda a curiosidade de todos, em especial de Gilbert que passou a frequentar a casa da moça e tentar descobrir mais sobre ela, e assim as fofocas começaram a correr soltas pela cidade. 

Com o passar do tempo, mais picuinhas foram instauradas ao seu respeito, como o jeito que educa o filho em casa e onde estava o marido que seria a figura de exemplo de seu filho, sobre o qual nunca foi falado ou havia se mostrado presente.


[...] "Não faz mal, Arthur", disse sua mãe, "a sra. Markham acha que lhe fará bem, já que você se cansou da caminhada, mas não vai obriga-lo a tomá-lo; ouso dizer que você ficará muito bem sem ele." (...)

(...) “Bem, sra. Graham”, disse minha mãe, enxugando as lágrimas de alegria de seus olhos claros, azuis, “bem, a senhora me surpreende! Eu supunha que tivesse mais sensatez - o pobre menino vai se tornar o maior filhinho da mamãe que já existiu! Pense bem no homem que a senhora criará, caso insista…” (...)

“Considero um plano excelente”, interrompeu a sra. Graham, com uma seriedade imperturbável." [...]


Gilbert se aproximava cada vez mais de Helen, e além de se apaixonar por ela, também amava os momentos com Arthur, mesmo sem conhecer seu passado ou onde estava o marido dela.

Helen era uma pintora maravilhosa, sempre estava pintando ou dedicando seu tempo a Arthur, mas isso não deixou de ser motivo para que a cidade ainda falasse dela, ou tentasse criar soluções para as lacunas que ela deixava de fora. Todos queriam entender quem era Helen Graham e sobre seu passado, mais do que qualquer coisa.

Contudo, em uma noite, Gilbert distorce algumas coisas e acaba meio que acreditando em tudo que todos falam de Helen, ao invés de lhe perguntar de forma educada, ele tira satisfações com ela, que entrega o mais valioso do que tudo para ela.

 

[...] (...) “mas você ficaria contente em descobrir que sou melhor do que acha que sou?” (...) “Qualquer coisa que pudesse, na menor das medidas, me ajudar a recuperar minha antiga opinião a seu respeito, a justificar a consideração que ainda lhe tenho e a aliviar as pontadas de remorso inexprimível que vem junto, qualquer coisa seria recebida com muita alegria - muita avidez!” (...) “Não precisa ler tudo; mas leve para casa” [...]


E assim Helen lhe deu seu diário, com todos os seus pensamentos e angústias, com todos os dias desde o começo de seu flerte com seu marido. Gilbert teve acesso a tudo, até o dia em que ela chegou a Wildfell Hall. Mas não apenas isso, ele entendeu tudo que ela sentia e como passou por tudo isso pelo seu filho.

Por isso ela se preocupava tanto com o que todos pensavam e falavam dela, pois não queria que uma pessoa a encontrasse. E bão queria um romance escondido, mas sim fugir de tudo.

A luta de Helen contra o marido, que a culpava, tudo que ela passou, não era algo que deveria acontecer no passado e vemos acontecendo muito mais nos dias de hoje.

Helen é uma feminista nata, que tenta de tudo esconder sua origem, vemos toda a angustia dela quando Gilbert começa a ler as páginas e páginas do diário, esperando pelo que pudesse vir disso. 

Gilbert é um perfeito cavalheiro, que não se importa com a opinião dos outros, mas acima de tudo, se importa com quem ama e consigo mesmo.

Esse livro é muito a frente do tempo no qual o enredo se passa, pois naquela época não existia divórcio e as mulheres viviam até o fim da vida com seus maridos, custasse o que fosse, com Helen não foi assim, pois ela decidiu fugir. Será que isso deu certo?

Eu amei o livro até certa parte, pois quando começamos a ler o diário, a leitura muda de ritmo e até que essa parte passe, a leitura se torna muito arrastada, então demorei um pouco para conseguir terminar a leitura que, inicialmente, estava fluindo rapidamente. Mas não se enganem, isso não estragou a história, sabe aquele lance de amar e odiar um livro ao mesmo tempo? É o que ocorreu comigo aqui. 

Mas ter a experiência de entender tudo que ela passou foi incrível, pois com isso compreendermos a mulher forte que ela era e como só queria proteger seu filho do marido que tinha.

A escrita é um pouco arrastada – tendo em vista que se trata de um clássico, é rabiscada, um pouco fora do que estou acostumada, mas ao decorrer das páginas amareladas a leitura flui muito bem. O mistério vai sendo revelado e queremos entender o que se passa na vida de Helen, e porque tudo aquilo aconteceu. O enredo nos prende, o detalhe que mencionei quanto a escrita, talvez tenha me pego por conta de estar encarando a leitura de clássicos seja um desafio para o meu eu leitora, que, confesso, estou gostando! 

A edição é simples, com boa brochura, folhas amareladas, a capa segue o padrão de uma coleção – o que vai ficar lindo na estante! –, a revisão é boa, tendo poucos erros, nada que atrapalhe realmente a leitura e na maior parte passa despercebido, já que ficamos imersos na história. 

Gosta de desafios? Já leu clássicos? Não? Te desafio a lê-los e vale ressaltar que a Companhia das Letras tem publicados várias coleções maravilhosas deles! 

Se recomendo esse livro? Quando um livro desperta seu amor e seu ranço ao mesmo tempo é porque ele funcionou pra mim! Então sim, recomendo!!!!

Até mais ver!


Classificação:


Dados:

Título original: The Tenant of Wildfell Hall.

Título: A Inquilina de Wildfell Hall.

Páginas: 624. Idioma: Português – BR.

ISBN: 9788582851432. 

Editora: Companhia das Letras. 

Selo: Penguin Companhia.


5 comentários:

  1. Oie, tudo bem? Ah, sempre tive vontade de ler as obras das irmãs Brontë mas ficava adiando. Até que ganhei O morro dos ventos uivantes e gostei bastante da experiência. A linguagem, a história, elas têm um jeito único de escrever. Também gostei dessas edições da Penguim, são semelhantes as internacionais e ainda podemos deixá-los bem bonitos na estante após a leitura. Quero ler agora Jane Eyre. Um abraço, Érika =^.^=

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  2. Oi Analuiza, tudo bem?
    Sem dúvida esse livro parece ser muito interessante e uma chance de ouro de conhecer melhor as outras irmãs Brontë, já que geralmente a Emily é a mais falada e conhecida por conta de "O Morro dos Ventos Uivantes".
    Lendo a resenha, fiquei me perguntando: por que era considerado errado e imoral tu simplesmente querer sair uma relação abusiva e sem futuro? E o pior de tudo é que isso ainda é MUITO atual.
    Um beijo de fogo e gelo da Lady Trotsky...
    http://wwww.osvampirosportenhos.com.br

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  3. Olá, tudo bem ?
    Engraçado como é algo tão atual né ?! Embora eu tenha O Morro dos Ventos Uivantes, eu nunca li, mas pretendo um dia.
    Beijos

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  4. Depois que li Jane Eyre, fiquei curiosa pelas obras das irmãs Brontë e esse seria o que mais quero ler. Adorei a resenha e espero poder ler em breve.

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  5. Olá, tudo bom?
    Eu li esse livro recentemente e fiquei surpresa ao me deparar com pensamentos tão a frente do tempo da autora. Ela tinha uma visão muito diferente do que pensavam na época e não é a toa que as pessoas julgaram tanto né? rs
    Sobre o ritmo da história, realmente dá uma caída quando entra na parte dos diários, mas ainda assim conseguiu me prender bastante. Fiquei curiosa para descobrir como ela havia chegado ao início da história rs
    Adorei a resenha!
    Beijos!

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