Resenha: A última livraria de Londres - Madeline Martin.
Só que o clima sombrio que encontra não tem nada do charme cosmopolita que tanto havia idealizado. Nos meses que se seguem, as forças de Hitler começam a varrer a Europa e o ataque alemão à cidade se torna cada vez mais iminente.
Nesse cenário, a população londrina fica assolada pelo medo. As crianças são evacuadas e tem início o racionamento de comida. O único emprego que Grace consegue é na Primrose Hill, uma livraria excêntrica situada no coração da cidade.
A princípio, sobrecarregada com a organização da loja, ela não tem tempo para ler os livros que vende. Afinal, nunca foi uma grande leitora. Mas quando ganha um exemplar de presente de uma pessoa especial, o que começa como uma obrigação se torna uma paixão que a atrai para o incrível mundo da literatura.
Em meio aos blecautes e bombardeios da Blitz, Grace continua administrando a loja, e vê que o poder das palavras e de contar histórias une sua comunidade de maneiras que ela nunca imaginou – uma força que triunfa até mesmo nas noites mais tenebrosas da guerra.
Olá, pessoal!
Os livros que falam sobre guerra sempre me transmitem um certo receio e já me preparo emocionalmente para encarar, pois sei que muitas vezes são bem reais os relatos, me afligem e sempre espero um final nostálgico.
Grace Bennett é uma garota britânica que depois da morte da mãe, ficou em situação delicada dentro da sua própria casa, seu tio veio morar junto e com isso tomar conta de todos os bens e do comercio que tinham, mas como isso não bastasse sua tia informou que não teria mais lugar naquela casa para ela.
Grace passou uns maus bocados e tomou a decisão que mudou sua vida, como sua amiga já queria ir embora daquele condado em Drayton, Grace e Viv foram para Londres, mas a época não era positiva pois uma guerra estava para estourar, uma volta significativa para as duas.
A esperança pairava sobre todos em Londres dessa guerra não acontecer ou passar bem longe da cidade, o ano era mil novecentos e trinta e nove e sabemos que a guerra viria com tudo, e quem estaria preparado para esse tipo de catástrofe?
Grace e Viv, foram morar com uma amiga de sua mãe que solidarizou com o que ela estava passando, a senhora cedeu um quarto até elas arrumarem um emprego e ajudarem nas despesas e tudo mais da casa, uma senhora bondosa de bom coração chamava sra.Weatherford, que tinha um filho jovem chamado Colin.
Grace arrumou um emprego, não era o desejado, mas era o que tinha para agora até arrumar uma carta de recomendação, uma livraria seria o sonho de consumo de qualquer leitora, infelizmente ela não lia, mas era ótima em organização, então surgiu a oportunidade de deixar a livraria do sr. Evans em ordem.
No começo achei Grace perdida em seu próprio mundo, não sabendo direito o que fazer e como fazer, como o vento a pudesse a levar em todas as direções, mas engano meu, ela estava testando todas as suas possibilidades e por fim mostrou a força que tinha.
"Os dois primeiros andares da livraria haviam sido pintados de preto, com uma fachada de estuque amarelo rachada e desbotada pelo tempo. Um letreiro branco anunciava a Livraria Primrose Hill, com letras arredondadas em preto brilhante..."
Sabemos que ler é um hábito não seria diferente com Grace, pois já tinha os livros na ponta de seus dedos, conheceu um mundo diferente quando começou, abriu seus horizontes e não quis mais parar e por fim ficar naquela livraria seria sua realização pessoal e seria reconhecida por muitos.
Nessa transição de conhecimentos a guerra estourou, com isso pessoas a quem tem vínculos e eram bem próximos, tomaram cada um seu rumo, cada um quis ajudar da melhor forma possível, mas o horror da guerra, traria a consequência a todos.
Lendo esse livro me trouxe uma carga de sentimentos, como se estivesse tudo obscuro sem saber o que era real e imaginário, a maneira que foi colocado as situações, o modo como Grace encarou as adversidades e os perigos, seus medos de perder a quem ama, despertou uma série de conflitos e aflições.
Como ajudar todo mundo, como tocar neles e explicar que precisavam se esconder por causa dos bombardeios, como muitos não queriam deixar seus bens mais preciosos, suas realizações e seu futuro financeiros, como explicar que poderiam morrer e isso era só o começo do que estava por vir.
A guerra veio devagar, mas com uma força inimaginável, bombas em suas cabeças, racionamento de tudo, o fogo se alastrando, mesmo assim a vontade de Grace era ajudar como uma vigilante a noite olhando por aquelas pessoas oprimidas, ela mantinha a esperança.
Na guerra vimos só injustiça por um povo que não tem como se defender, cidadãos que chora por seus perdidos e por seus mortos, pessoas que eram próximas sendo queimadas, por não concordar a ir para um abrigo, destruição de casas e comércios que leva segundos e que levou uma vida inteira para serem construídas.
Grace com sua força de vontade, encorajada por muitos e impulsionada por outros, colocava em sua voz toda sua alma e dando esperanças a muitos ali desesperados por uma porção de conhecimento e leveza a aquele martírio que parecia não ter fim.
"...Ler é...É ir a um lugar sem precisar pegar um trem ou navio, desvendar mundos novos e incríveis. É viver a vida que você não nasceu para viver e uma chance de ver algo colorido pela perspectiva de outra pessoa. É aprender sem ter que enfrentar as consequências dos fracassos, é aprender como ter sucesso da melhor maneira..."
A autora me cativou, com esse retrato das atrocidades da guerra, me dando uma visão ampla dos acontecimentos que poderiam piorar, sempre me mostrando que a guerra não era ilusão, mas muito real dentro do enredo, mesmo assim mantendo a esperança de dias melhores, o amor aos livros, a resiliência e persistência a ajudar os próximos.
Persistência, companheirismo, igualdade diante das situações, amor ao próximo, altruísmo, acho que isso é a essência diante dos obstáculos colocados no caminho e Grace demostrou em cada passagem nesse enredo maravilhoso que comove e engrandece nossa alma.
Nos tornamos melhores, talvez, mas a experiência que traz e a carga emocional que sentiram, cada indivíduo a sua maneira de reagir e de sentir. Somos capazes de viver durante o caos, mas as cicatrizes são duradouras ou tão profundas que jamais se extinguiram durante sua vida.
O que ficará de bom são aqueles momentos em que ouviam uma voz doce, acima dos bombardeios a declamar uma leitura, durante o período noturno, diante de vários olhares que demostravam a ansiedade de vivenciar tudo que ali era falado, declarado e imaginado.
Temos muitos personagens que no decorrer da leitura me mostrou um caráter admirável, ajudou muito a Grace que as vezes esmorecia diante do horror, acompanhado de ilusões contraditórias criadas pelos seus próprios pensamentos, assim como ela deu apoio a aqueles que necessitavam de uma ajuda motivacional e o fortalecimento em suas conquistas e desejos.
Aqui não temos muitas passagens dedicada aos poderosos que orquestraram a guerra, como Hitler e suas forças que se espalharam tornando tudo um caos, os alemães invadindo a Europa nessa segunda guerra mundial, mas temos várias pessoas reunidas com o poder da leitura, numa livraria que a cada chance pode mudar sua vida.
O livro é digital, escrito na terceira pessoa, a protagonista era Grace, mas ampliando aos personagens secundários, muito importantes em suas declarações e motivações, em cada palavra da história a autora derramou sua essência.
Recomendo o livro para quem gosta de drama que fala sobre guerra, seus contrastes imperfeitos, perdas, lutas e que a esperança almejada seja aquela que a guiem nessa leitura incrível, vale muito a pena.
Até a próxima!
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