Resenha: A Mentira de Luna | Mariana Zapata | Editora Charme



Sinopse: O problema dos segredos é que são fáceis demais de se acumular.

Luna Allen fez certas coisas das quais gostaria que ninguém soubesse. Mas ela também sabe que, se pudesse voltar no tempo, não faria nada diferente.

Com três irmãs que ama, um trabalho de que (na maior parte do tempo) gosta e uma família constituída de amizades que conquistou ao longo dos anos, Luna imagina que tudo saiu de acordo com o planejado.

Só que quando um desses segredos envolve o homem que paga o seu salário, ela não tem coragem de se arrepender. Apesar de ele não ser o homem mais amigável do mundo. Nem o mais paciente.

Às vezes, há certas coisas que é melhor não contarmos para ninguém.


“A Mentira de Luna”, da autora Mariana Zapata, publicado no Brasil pela Editora Charme, é mais uma aposta da escritora no estilo que a consagrou: um romance slow burn, com construção emocional lenta, realista e recheada de sentimentos contidos

Aqui conhecemos Luna Allen, uma mulher forte, resiliente, otimista, que tenta seguir em frente apesar das dores do passado. Ms que ainda tem que se lembrar disso o tempo todo e que mesmo se querer ainda desconfia de seu próprio potencial no amor. 

Cercada por irmãs intensas, amigos leais e um trabalho que ama em uma oficina de funilaria, Luna segue sua vida em passos firmes — até que seu caminho cruza, e se entrelaça, com o de Lucas Ripley, seu chefe reservado, rabugento e cheio de silêncios e tatuagens. Muito além das tatuagens, ele também carrega uma história com sua dor. 

A conexão entre os dois vai crescendo em um ritmo muito particular, cheio de tensão contida, olhares trocados e pequenas gentilezas não verbalizadas. Mariana Zapata domina esse tipo de narrativa — onde o amor não explode, mas se constrói em cada gesto. Também tem momentos de explosões ué deixam a personagem confusa.

[Quote] "Eu te vejo, Luna." [...]

Nosso mocinho, nada mocinho, bem humano, é intenso calado, quando fal, então...

No entanto, mesmo apreciando esse tipo de desenvolvimento — e talvez por isso mesmo — senti falta de um aprofundamento maior entre o casal. Em vários trechos, a narrativa se alonga em situações do cotidiano, mas abre mão de explorar mais os momentos de verdadeira intensidade entre Luna e Ripley. Além disso, Luna demora bastante a aceitar que já percebe os sentimentos de Ripley — e até os seus próprios — o que deixa a dinâmica entre eles ainda mais lenta e é a proposta do livro, construir, aos poucos, é a proposta do estilo, o que me refiro é que senti que neste, a resistência da protagonista foi maior em aceitar seus sentimentos.

[Quote] "Não sou bom com palavras, Luna. Mas você não precisa de palavras quando pode confiar em ações." [...]

Acima um vislumbre de Ripley, noa sei falar, mas demonstrar...

Outro ponto que me incomodou foi a mágoa de Ripley em relação ao Senhor C., patrão e como a figura de um pai para Luna. Aparentemente, tudo gira em torno do casamento repentino do Senhor C. o passador e isso  atrapalhou a relação entre eles dois no passado, mas há indícios de que houve algo mais — ou de que Ripley interpretou que havia mais, e isso nunca foi realmente explicado. Ficou vago. A gente entende que é só aquilo, mas faltou esclarecer uma determinada morte. Faltou esclarecer dar uma chance de uma conversa limpa entre os dois. 

Também o final… eu precisava de mais! Há a menção de uma determinada personagem com a qual eu gostaria de ter lido uma cena de interação real, e não apenas vê-la sob os olhos da Luna contando. Enfim, são pontas soltas que a autora poderia ter fechado, ou até mesmo explorado com mais profundidade.

[Quote] "Se você quisesse, eu consertaria o mundo pra você." [...]

Ações, ele fez mais do que falar, ele concerta o mundo dela! 😍

Ainda assim, é um romance com alma, de construção lenta e gradativa, protagonizado por uma mulher forte e determinada a ser feliz — algo que todos nós deveríamos buscar, mesmo em meio às dificuldades do cotidiano. Porque sim, nós nos importamos e ela também importava!

Fica a sugestão de leitura para quem gosta de tramas mais naturais, realistas e sensíveis.

Ah, e preciso confessar: em determinada parte do enredo, se fosse comigo, eu teria dado um "coice" em Ripley com gosto e ele teria de correr muito até e olhe lá. Me sentindo perseguida daquele jeito, o “check mate” já teria sido dado ali. Paciência não é meu sobrenome — risos. Mas Luna é bastante paciente e isso ajuda na construção do enredo. 

A família biológica de Luna é horrível e ela luta todo o dias para ser ela mesma, diante de tudo que viveu com eles. Duas de umas irmãos fazem a gente passe raiva sim nem aparecerem por aceitarem contato de um pai que foi um monstro, mas até que você esteja realmente na pele de uma pessoa nunca saberá o que ela sente. E não podemos projetar a dor da protagonista nas suas irmãs e com isso a gente tem que aceitar, por fim, que é a vida. 

O final da contas, recomendo sim a leitura. Recomendo roa quem curte esse vestido, eu curto bastante. Pra quem procura histórias que poderiam realmente ser reais e pra quem quer passar raiva e suspirar ao mesmo tempo. 

Classificação: 

⭐⭐⭐⭐☆

Título: A mentira de Luna

Autora: Mariana Zapata 

Páginas: 608

ISBN: 9786559331857

Idioma: Português

Editora: Charme



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